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Covid: brasileiro ficou infeccioso por 232 dias

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Fevereiro de 2022 às 13h40

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Engin Akyurt/Pexels
Engin Akyurt/Pexels

No Brasil, um homem de 38 anos manteve uma infecção ativa do coronavírus SARS-CoV-2 por 232 dias. Inicialmente, o paciente apresentou sintomas leves da covid-19, como febre, que duraram por 20 dias, sem ter nenhuma complicação. Em paralelo, ele já convivia com o HIV, mas de forma controlada. Durante os 7 meses em que se manteve infeccioso para a covid, a pessoa poderia, em tese, ter transmitido o vírus, caso não adotasse o distanciamento social e não usasse máscaras de proteção.

O caso extremo da infecção pelo vírus da covid-19 foi detalhado em publicação da revista científica Frontiers in Medicine. A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Pasteur, na França. Além disso, contou com apoio da Fapesp.

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Segundo os autores do estudo, o paciente foi infectado pela variante Gama — originalmente, conhecida como B.1.1.28, mas que passou a ser identificada como P.1. Após análises laboratoriais, a equipe não identificou nenhuma mutação específica do coronavírus que caracterizasse aquela cepa específica como uma variante mais transmissível ou mais resistente ao sistema imune.

232 dias com covid-19

O paciente manteve um quadro positivo para o vírus da covid-19 de abril a novembro de 2020, até que três testes de RT-PCR deram negativos e a sua participação na pesquisa foi concluída. Segundo os autores do estudo, o homem é portador de HIV desde 2018, mas mantém a carga viral indetectável sob tratamento.

Vale explicar que o paciente realizou testes semanais para a covid-19 e suas amostras passaram por sequenciamento regularmente, ou seja, não ocorrem reinfecções durante os 232 dias. Além disso, o acompanhamento demonstrou que o vírus seguia se replicando e também sofrendo mutações.

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Questão do HIV

“A positividade para HIV não quer dizer que ele seja mais suscetível a outras infecções, uma vez que mantém tratamento desde o diagnóstico. Sua capacidade de responder a uma infecção por outro agente é comparável com a de qualquer pessoa, tanto que ele respondeu ao coronavírus desde o início da infecção", explicou Paola Minoprio, uma das coordenadoras da PCPU (Plataforma Científica Pasteur-USP) e líder do estudo.

Em outras palavras, por si só, o fato de conviver com o HIV não é capaz de justificar o tempo prolongado de infecção. Além disso, "não se trata de um indivíduo imunossuprimido [como pessoas em tratamentos de câncer, doenças autoimunes ou transplantados, por exemplo]”, lembrou Minoprio. Para entender os motivos que levaram a essa duração, novos estudos são necessários.

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“É importante observar pacientes como esse, porque podemos aprender mais sobre como o coronavírus sofre mutações, inclusive aquelas que podem dar origem a variantes de preocupação”, afirmou Marielton dos Passos Cunha, primeiro autor do estudo.

Mais casos de pacientes infecciosos

Embora este caso dos 232 dias tenha sido o mais longo registrado no Brasil, pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP acompanharam um caso que durou ao menos 218 dias. Publicado na plataforma MedRxiv, o preprint — estudo sem revisão por pares — descreveu o quadro de um paciente com comprometimento do sistema imune.

No estudo da USP, foi possível acompanhar a infecção do coronavírus durar por mais de 200 dias em um paciente, de aproximadamente 40 anos, que havia passado por um tratamento agressivo contra o câncer antes de contrair a covid-19.

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Ainda não sabe qual é a capacidade de uma pessoa com infecção prolongada da covid-19 em transmitir o coronavírus, já que estudos específicos sobre ainda não foram realizados.

Fonte: Frontiers in MedicineGoverno de SP e MedRxiv