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Coronavírus tem mais variantes que outros vírus?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Fevereiro de 2022 às 08h30

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frender/envato
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Desde a descoberta do coronavírus SARS-CoV-2 no final de 2019, diferentes variantes de preocupação (VOC) despertaram a atenção de pesquisadores, médicos e autoridades em todo o mundo. Cada uma foi apelidada com uma letra do alfabeto grego pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como a Ômicron (B.1.1.529) e a Delta (B.1.671.2), mas será que esse elevado número de mutações é normal para outros vírus? De acordo com especialistas, a resposta é sim, mas vantagem do vírus da atual pandemia é a sua capacidade transmissão e o seu ineditismo — já que ninguém tinha defesas naturais contra ele.

Vale lembrar que, fora do alfabeto grego, dezenas de outras variantes não chegaram nem a receber um apelido da OMS, porque não foram identificadas como responsáveis por uma grande quantidade de casos pelo globo e nem tiveram relação com surtos locais.

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Mutações de vírus são normais

No mundo, os vírus estão em constante mutação, o que ocorre durante o processo de replicação viral e se formam de forma aleatória. Tanto é que a maioria das mutações não impacta diretamente os vírus, ou seja, não tem nenhum efeito direto. Enquanto isso, algumas podem ser negativas, impedindo que ele continue a se reproduzir. No lado oposto, algumas são benéficas e os ajudam a se reproduzir mais.

No caso da variante Ômicron do coronavírus, as mutações foram positivas. Em pesquisa, foram identificadas 37 mutações na proteína spike (S) da sua membrana. Esta parte do vírus é responsável por infectar as células saudáveis e, com as modificações, a cepa conseguiu se tonar a mais transmissível até agora descoberta. Além disso, casos de reinfecção se tornaram mais comuns, segundo estudo publicado na revista Science.

Coronavírus muta mais do que os outros vírus?

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A taxa de mutação do coronavírus SARS-CoV-2 é semelhante a de outros vírus de RNA comuns, como influenza, vírus sincicial respiratório (RSV), enterovírus e rinovírus, segundo Katie Kistler, pesquisadora do Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos Estados Unidos. "A taxa de mutação no SARS-CoV-2 não é particularmente notável", pontua Kistler, para o site Live Science.

“O SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, pode parecer que 'evolui' mais devido ao fato de ser muito mais transmissível do que outros vírus comuns, resultando em muito mais casos”, explica Jesse Erasmus, virologista e professor assistente da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

Nesse sentido, Erasmus reforça que a taxa real de mutações por infecção é semelhante a de outros vírus comuns, podendo ser, em alguns casos, mais lenta. O ponto é que a circulação do vírus da covid-19 é muito alta e isso permite que mutações vantajosas apreçam, destacando-se em todo o mundo, o que não ocorre com a mesma frequência para os outros agentes infecciosos. Em outras palavras, a ideia de ser mais mutável é fruto do elevado número de casos.

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Aprendendo com a pandemia do H1N1 de 2009

Em 2009, a pandemia de influenza pelo vírus A (H1N1) — apelidada como gripe suína — pode trazer algumas lições sobre a questão das mutações virais, de acordo com Erasmus. Inicialmente, o novo subtipo do vírus influenza foi descoberto no México e nos Estados Unidos e, em seguida, se espalhou pelo globo.

Durante a fase inicial da pandemia e alguns meses após o seu surgimento, a taxa de mutação é maior. Em um segundo momento, o índice "cai para um nível de linha de base mais estável”, explica a pesquisadora. Provavelmente, essa tendência deverá ser observada com o coronavírus também. Isso porque, quando a covid-19 se tornar endêmica, o ritmo da evolução adaptativa deve diminuir.

Fonte: Live Science