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COVID-19 pode provocar tromboses no coração, segundo estudo

Por| 16 de Outubro de 2020 às 14h45

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CDC/Unsplash
CDC/Unsplash

Desde que passou a assolar a população mundial, a COVID-19 tem sido alvo de inúmeros estudos ao redor do mundo. E durante esta semana, um estudo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) a apontou como doença vascular, e não apenas como pulmonar. 

Intitulado “Endothelial Dysfunct ion and Thrombosis in Patients  With COVID-19” (“Disfunção endotelial e trombose em pacientes com COVID-19”), o trabalho aponta que indivíduos infectados pelo coronavírus apresentam lesão de célula endotelial, um tipo de célula achatada de espessura variável que recobre o interior dos vasos sanguíneos, especialmente os capilares sanguíneos, formando assim parte da sua parede. Com isso em mente, os especialistas por trás desse estudo buscaram compreender de que forma essa lesão aparece e se relaciona ao SARS-CoV-2 e como ela pode ocasionar trombose, levando o paciente a óbito.  

Os pesquisadores da PUC-PR analisaram amostras post mortem de pacientes com idade média de 75 anos e com comorbidades como hipertensão arterial, diabetes e obesidade. “Nossos resultados demonstraram que o endotélio (camada de células endoteliais) que reveste nossos vasos está sendo lesado pelo vírus e pela inflamação que o vírus causa. Além disso, conseguimos esclarecer parte dos mecanismos dessa lesão. O estudo sugere que o uso de anticoagulantes precocemente pode ajudar no tratamento da COVID-19, a fim de evitar os trombos", afirma Lucia de Noronha, professora da Escola de Medicina da PUC-PR e uma das responsáveis pelas pesquisas. 

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Enquanto isso, outro estudo da mesma instituição, chamado “Mast cell degranulation  inalveolar septa and SARS-CoV-2: a pathogenic pathway linking  interstitial edema to  immunothrombosis" (“Degranulação de mastócitos em septo alveolar e SARS-CoV-2: uma via patogênica que liga o edema intersticial à imunotrombose”, em português) consiste na contagem dos mastócitos, células ligadas a reações alérgicas, nos pulmões de pacientes com COVID-19, para então compará-los com outras doenças, com a ideia de entender qual é o papel dessas células nas infecções por coronavírus. 

A pesquisadora Lucia menciona que os resultados mostraram que as pessoas com COVID-19 têm mais mastócitos do que pacientes infectados por outros tipos de doenças respiratórias, como o H1N1. Isso sugere que a célula pode ter um papel na evolução da doença e ajuda a compreender como a doença provoca lesões nos pulmões e em outros órgãos, como o coração. 

“A descoberta também ajuda no tratamento da doença, pois indica que talvez possamos usar medicamentos que estabilizem os mastócitos, já que o vírus parece causar uma desestabilização dessas células, que passam a liberar grânulos ricos em substâncias que agravam o processo inflamatório, agravam a lesão vascular e propiciam a trombose”, explica.

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Acontece que essas pesquisas estão inseridas em um projeto maior do Hospital Marcelino Champagnat, do Grupo Marista, sobre o novo coronavírus. Há estudos envolvendo tanto análises de amostras post mortem como pesquisas com pacientes que sobreviveram, bem como estudos de imagem e dados clínicos. A ideia é que haja um aprofundamento cada vez maior a respeito da doença que infectou mais de 4 milhões de brasileiros para que, num futuro próximo, seu tratamento possa ser mais eficaz.