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Covid-19 pode causar danos diretos aos rins, descobre estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Janeiro de 2022 às 14h30

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Robina Weermeijer/Unsplash
Robina Weermeijer/Unsplash

Para a maioria das pessoas, a covid-19 está relacionada com problemas nos pulmões. No entanto, vários órgãos vitais podem ser afetados diretamente pela infecção do coronavírus SARS-CoV-2, como os rins. Até então, não se sabia se o vírus poderia desencadear os problemas por si só ou se isso era uma consequência das complicações da doença, como a tempestade de citocinas (associada à resposta imune descontrolada).

Publicado na revista científica Cell Stem Cell, o estudo sobre o impacto da covid-19 nos rins foi desenvolvido por pesquisadores da Alemanha e da Holanda. Durante a infecção, a doença pode causar cicatrizes em diferentes tipos de tecidos, gerando fibrose. Este tecido danificado, quando é formado nos rins, pode ter consequências negativas em longo prazo para a função dos órgãos, segundo os autores.

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“Com este trabalho, encontramos uma peça do quebra-cabeça que mostra os efeitos nocivos do vírus [da covid-19] no corpo. Os efeitos diretos do SARS-CoV-2 que danificam as células podem ser, nitidamente, observados independentemente de uma resposta imune”, explica Jitske Jansen, da Radboud University Nijmegen, na Holanda, e da RWTH Aachen University, na Alemanha.

Entenda o estudo sobre a covid e os rins

Passados mais de dois anos da descoberta do coronavírus, os cientistas ainda não sabem o que acontece exatamente no organismo durante a infecção, e muitas questões ainda precisam ser respondidas, como a dos órgãos diretamente afetados e as possíveis extensões dessas complicações.

No novo estudo, os pesquisadores examinaram amostras de tecido de mais de 60 pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa da covid-19. Quando comparado com os grupos de controle — pacientes de UTI com infecção pulmonar não relacionada ao coronavírus — e um grupo de pessoas saudáveis, o tecido de pacientes com covid estava, de forma significativa, com mais fibrose cicatricial.

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Uso de organoides

Em uma segunda etapa da pesquisa, os cientistas buscaram entender se as fibroses formadas nos rins eram um efeito direto do vírus, independente de uma resposta inflamatória sistêmica em decorrência da infecção.

Nesse momento, foram cultivados organoides renais que simulam o funcionamento do rins, em laboratórios. Em outras palavras, elas simulam o funcionamento do órgão, incluindo os seus tecidos, mas em miniatura. Eles foram desenvolvidos a partir de células-tronco humanas.

No experimento, os organoides foram infectados pelo SARS-CoV-2 e os pesquisadores examinaram o efeito direto do coronavírus nas células renais. Sem contar com uma possível influência da resposta imune, foi possível detectar cicatrizes nos tecidos renais dos organoides, causadas pela doença. Dessa forma, é sugerido que a doença também pode levar a uma deterioração dos rins no organismo humano.

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“A cicatrização dos rins é uma consequência séria de longo prazo que se desenvolve após a ocorrência de uma insuficiência renal aguda, mas também surge de uma lesão crônica do rim. Nosso trabalho mostra muito claramente a conexão com covid-19 nos organoides em laboratório", explica Katharina Reimer, da RWTH Aachen University.

Agora, "estudos adicionais terão que mostrar se essa conexão é confirmada e realmente leva à doença renal nos pacientes” infectados pelo coronavírus, completa Reimer sobre as primeiras descobertas dessa complicação.

Fonte: RWTH Aachen University e Cell Stem Cell