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COVID-19 | Novo estudo pode ter descoberto a causa da névoa mental

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 Anna Shvets / Pexels
Anna Shvets / Pexels

Já não é segredo a questão delicada envolvendo a COVID-19 e o cérebro dos pacientes. Uma das consequências mais conhecidas até então tem sido a névoa mental, que se resume em dificuldade em reunir pensamentos, problemas de concentração, incapacidade de lembrar o que aconteceu pouco tempo antes. Recentemente, um novo estudo trouxe uma possível causa para isso: partículas inflamatórias no líquido cefalorraquidiano, que envolve o cérebro e a medula espinhal.

A análise, feita pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK), de Nova York, envolveu 18 pacientes com câncer que foram hospitalizados com COVID-19 e tiveram graves problemas neurológicos. Todos os pacientes receberam ressonância magnética, tomografia computadorizada e monitoramento de eletroencefalograma (EEG), enquanto 13 dos pacientes receberam uma punção lombar para obter uma amostra de líquido cefalorraquidiano.

Os pesquisadores descobriram que os pacientes continuavam a ter níveis elevados de citocinas (moléculas sinalizadoras secretadas por células imunes que estão envolvidas na inflamação) no líquido semanas após a infecção. "Descobrimos que esses pacientes apresentavam inflamação persistente e altos níveis de citocinas em seu líquido cefalorraquidiano, o que explicava os sintomas que eles estavam tendo", declarou o co-autor do artigo, Dr. Jan Remsik, em meio a um comunicado.

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Os pesquisadores observaram que os padrões de inflamação em pacientes com câncer com COVID-19 são comparáveis ​​aos observados em pessoas não infectadas que receberam uma terapia contra o câncer que faz com que as células imunes bombeiem citocinas. Pessoas com essa terapia também tendem a apresentar efeitos neurológicos semelhantes à névoa mental.

Em contrapartida, os pesquisadores não encontraram vírus no líquido, e algumas teorias sobre a névoa mental sugeriram que os sintomas neurológicos da COVID-19 foram causados ​​pelo ataque direto do SARS-CoV-2 ao cérebro, mas a nova pesquisa sugere que essa não é necessariamente a causa da névoa mental na maioria das pessoas. No entanto, a presença de citocinas no líquido indica que as células imunológicas são capazes de entrar no sistema nervoso central, o que, segundo os pesquisadores, pode fornecer algumas ideias sobre como as células cancerígenas se espalham para o cérebro.

"Costumávamos pensar que o sistema nervoso não tinha nenhum tipo de relação com o sistema imunológico. Mas quanto mais olhamos, mais encontramos conexões entre os dois", observou Adrienne Boire, a outra co-autora do estudo e médica-cientista da MSK.

Os pesquisadores ressaltam que os pacientes com câncer, em particular, apresentam risco elevado de infecções graves por COVID-19 por causa de seu estado imunocomprometido, então os resultados podem não necessariamente se traduzir para a população em geral. No entanto, os responsáveis pela análise ainda argumentam que suas descobertas levantam olhares sobre a questão mais ampla da névoa mental e sugerem que determinados tratamentos podem ajudar a lidar com complicações neurológicas da infecção por COVID-19.

Fonte: IFL Science