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COVID-19: há pelo menos 8 tipos diferentes do novo coronavírus pelo mundo

Por| 03 de Abril de 2020 às 19h30

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COVID-19: há pelo menos 8 tipos diferentes do novo coronavírus pelo mundo
COVID-19: há pelo menos 8 tipos diferentes do novo coronavírus pelo mundo

Vírus vivem em constante mutação, e isso não seria diferente para o novo coronavírus (SARS-CoV-2), identificado pela primeira vez no final do ano passado. Desde então, já são pelo menos oito diferentes tipos do vírus da COVID-19 espalhados pelo mundo. Cada um desses novos tipos representa, na verdade, uma cepa diferente do vírus, ou seja, tem algumas pequenas variações genéticas em sua composição.

Essas variações surgem no processo de reprodução desse coronavírus. Quando o vírus vai se reproduzir, ele usa o material genético da célula para replicar novos patógenos, só que nesse processo, às vezes, a cópia apresenta algumas alterações em relação ao original. É esse processo que recebe o nome de mutação e forma uma nova cepa — o que pode nos levar a pensar que quanto mais pessoas tiverem COVID-19, mais tipos do vírus teremos.

Pesquisa genética

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Para se chegar às conclusões das novas cepas, mais de 2.000 sequências genéticas do vírus foram enviadas dos laboratórios para o banco de dados NextStrain, que mostra a mutação nos mapas, em tempo real. O sistema agrega amostras de todos os continentes, exceto da Antártida — que não tem nenhum caso confirmado ainda.

A análise dessas informações revela que o SARS-CoV-2 sofre uma nova mutação, em média, a cada 15 dias. No entanto, essa informação não deve causar alarde, porque, de acordo com o cofundador da NextStrain, Trevor Bedford, essas mutações captadas são tão pequenas que não tornaram o coronavírus mais letal.

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No Brasil mesmo, os dois primeiros casos identificados da COVID-19 tinham vírus com algumas mutações, como comprovaram pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da USP, ambos em São Paulo, a partir da análise genômica das amostras coletadas.

Mutação como radar

"Essas mutações são completamente benignas e úteis como uma peça do quebra-cabeça para descobrir como o vírus está se espalhando", explica Bedford. Para o pesquisador, as várias linhagens permitem que os dados apontem se a transmissão da virose é generalizada, por exemplo, o que pode informar se as medidas de bloqueio foram eficazes.

Além disso, o professor de medicina e doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Francisco, Charles Chiu, lembra que esse banco de dados também fornece informações sobre como o vírus está se movendo nos EUA, como uma espécie de radar do vírus.

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"Os surtos são rastreáveis", avisa Chiu. "Temos a capacidade de fazer o sequenciamento genômico quase em tempo real para ver quais cepas ou linhagens estão circulando", conclui o pesquisador sobre a possibilidade de entender onde o controle e o isolamento social dos pacientes não tem funcionado.

Por exemplo, a maioria dos casos na costa oeste dos Estados Unidos está ligada a uma cepa identificada pela primeira vez no estado de Washington, que fica a apenas três mutações da primeira cepa conhecida. Ou seja, é um grande quebra-cabeça possível de ser montado.

No entanto, Kristian Andersen, professora da Scripps Research, alerta que os mapas montados não revelam um panorama completo da propagação desse vírus. "Lembre-se, estamos tendo uma pequena visão de uma pandemia muito maior", comenta Anderson. “Temos meio milhão de casos descritos agora, mas talvez 1.000 genomas sequenciados. Então, faltam muitas linhagens”, completa, sobre a falta de amostras coletadas perto do número total de casos.

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Fonte: New York Post e NextStrain