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COVID-19 | 15% dos testes rápidos de farmácia dão positivo no Brasil

Por| 24 de Junho de 2020 às 07h40

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Para tentar se proteger do novo coronavírus (SARS-CoV-2), muitos brasileiros estão utilizando os testes rápidos, encontrados em alguns farmácias no país, para saber se já contraíram a COVID-19, e custando a partir de R$130,00. Segundo pesquisa da Associação Brasileira das Redes de farmácias e Drogarias (Abrafarma), de cada cem desses testes realizados para detectar o vírus, 15 deram resultado positivo no Brasil.

De acordo com a pesquisa realizada pela Abrafarma, 62.660 testes rápidos já foram realizados, em farmácias, para detecção de anticorpos contra o novo coronavírus, registrados entre os dias 28 de abril e 14 de junho. Do total de exames, 9.584 (15,30%) testaram positivo para a presença dos anticorpos na corrente sanguínea, enquanto 53.076 pessoas (84,70%) testaram negativo.

O levantamento é o primeiro do gênero no país, isso porque a oferta dos testes rápidos em farmácias foi aprovada pela Anvisa no final de abril e confirmada através de um projeto de lei no dia 18 de maio. Mesmo que sejam de fácil acesso e custo relativamente baixo, esse tipo de teste apresenta algumas limitações, como possibilidade de resultados falsos negativos ou falsos positivos.

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Resultado por estado

Entre os estados brasileiros, Minas Gerais foi o que mais realizou o procedimento no período analisado: 22.222 testes foram realizados, com 2.522 positivos, ou seja, 11,3% dos casos no estado. No ranking nacional desse tipo de teste, em segundo lugar está São Paulo, com 14.793 testes, sendo que 2.101 foram positivos (14,2% dos casos).

Entretanto, os estados com maior proporção de infectados, a partir desse tipo de teste, ficam no Norte e no Nordeste. Por exemplo, o Ceará é o primeiro desse ranking, com 5.002 testes realizados, sendo que 1.786 deram positivo (35,7% dos casos). Esse estado é seguido pelo Amazonas (31,5%), Pará (31,3%), Paraíba (31%), Maranhão (30,5%) e Amapá (29%).

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"O alto índice de positivos em alguns locais indica que as pessoas daquela região já desconfiavam ter contraído a doença", explica o presidente da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, para o UOL. "Muitos vão ao hospital com sintomas, não são testados, mas ficam 14 dias em quarentena. Quando elas saem, buscam o teste para saber se tiveram mesmo o vírus", comenta Barreto sobre um dos principais usos para esse tipo de testagem.

Como funciona?

Oferecido em farmácias e realizado apenas por profissionais qualificados, o teste rápido sorológico detecta apenas a presença de anticorpos para o novo coronavírus no sangue da pessoa. Para analisar a presença de anticorpos ou não, o profissional responsável na farmácia deve coletar uma amostra de sangue da pessoa que será testada, a partir de um furo na ponta do dedo. "É uma fotografia sobre como o organismo está reagindo" depois de ter contraído a doença, ilustra Barreto sobre o exame.

Nesse ponto, é importante lembrar que os anticorpos (as células de defesa que são investigadas pelo exame) também não surgem, de modo instantâneo, após a infecção. Uma pessoa contaminada só passa a produzir anticorpos 10 a 12 dias depois da infecção. Ou seja, o exame não informa se uma pessoa está infectada e transmitindo o vírus naquele momento. Por isso, esses testes são mais indicados para confirmar, posteriormente, um caso da COVID-19.

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"Esse é um teste que mede a quantidade de anticorpos no organismo ao novo coronavírus. Ele indica se o paciente já teve contato com ele. Quanto mais tempo você se afastar da origem da doença, mais anticorpos você terá", alega o presidente.

Só que pesquisadores chineses podem ter encontrado o tempo limite para a presença de anticorpos no sangue de alguns contaminados pelo coronavírus. Segundo pesquisa recém-publicada na revista Nature, pessoas que tiveram a doença de forma assintomática perdem os anticorpos contra a COVID-19 por volta do terceiro mês.

Teste rápido é confiável?

Entre as opções disponíveis para identificar o novo coronavírus, o único teste que consegue detectar a presença durante a infecção é o chamado RT-PCR. Nesse caso, o exame é feito a partir de uma amostra respiratória do paciente e processado em laboratório. Agora, segundo a visão de especialistas, os testes rápidos para verificar a existência de anticorpos nem sempre são confiáveis.

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Um dos problemas dos testes rápidos está na sua sensibilidade, já que são pouco sensíveis para identificar a presença de anticorpos. Nesse sentido, se uma pessoa contraiu a COVID-19, mas produziu uma pequena quantidade de anticorpos, por exemplo, o exame pode não detectar o patógeno.

Além disso, são pouco específicos para ler a presença dos diferentes anticorpos. Por esses motivos, há a probabilidade de falsos negativos e falsos positivos. “Eles têm uma qualidade ruim”, defende a pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Natália Pasternak, para o El País.

Fonte: El PaísUol