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Coronavírus: variante da Índia acende alerta para vários países, como o Brasil

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Maio de 2021 às 20h40

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photocreo/Envato
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Nas últimas semanas, a variante do coronavírus SARS-CoV-2 identificada pela primeira vez na Índia, oficialmente chamada de B.1.617, acendeu o alerta vermelho para inúmeros países e pesquisadores, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Inclusive, esta variante do vírus da COVID-19 é considerada de preocupação (VOC – Variant of Concerm).

Toda a preocupação em relação à variante B.1.617 se deve a explosão de casos da doença que a Índia enfrenta e esta cepa pode ser considerada uma das possíveis explicações para o colapso da saúde local. Desde o final de abril, o país enfrenta o pior momento da pandemia da COVID-19, registrando recordes consecutivos de números de infectados e óbitos.

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Além do país de origem, a variante B.1.617 foi identificada em mais de 50 países. Já foi detectada na Argentina, por exemplo, mas a cepa não foi confirmada oficialmente no Brasil. No entanto, Instituto Evandro Chagas, em Belém, analisa amostras do coronavírus de tripulantes de uma embarcação que está em quarentena no estado do Maranhão. Há possibilidade dos pacientes carregarem a nova cepa, incluindo um que é indiano.

O que sabemos sobre a variante indiana do coronavírus?

De acordo com as amostras coletadas, a variante indiana do coronavírus pode ser observada em três versões com diferenças pouco expressivas, sendo a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3. Desde outubro do ano passado, pesquisadores identificaram o primeiro caso e, neste intervalo de alguns meses, ela se tornou dominante na Índia e, agora, ameça outros países.

Em comum, todas essas versões apresentam três mutações (a L452R, a E484Q e a P681R) nos genes que codificam a espícula do coronavírus, ou seja, a proteína S (spike). Neste local, a mutação é preocupante porque é através deste mecanismo que o agente infeccioso consegue invadir as células humanas.

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Para entender: a mutação L452R foi observada em mutações identificadas pela primeira vez nos Estados Unidos. Agora, a E484Q tem pontos em comum com a E484K. Esta mutação, por sua vez, está presente em outras três VOCs: a B.1.1.7 (Reino Unido); a B.1.351 (África do Sul); e a P.1 (Manaus, no Brasil). Por fim, a P681R é, até o momento, exclusiva da nova variante indiana e pesquisadores ainda não sabem o que pode significar.

As mutações da cepa do coronavírus são mais perigosas?

"É como se o vírus criasse caminhos para escapar do sistema imune e desenvolvesse maneiras de transmissão mais eficazes", explicou o virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, para a BBC. O pesquisador também coordena a Rede Corona-Ômica, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.

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No momento, as pesquisas não identificaram a real velocidade de transmissão da nova variante, se há maior virulência e nem se suas mutações afetam a eficácia das vacinas em uso. Por outro lado, há a suspeita de que a nova configuração genética permita que o vírus seja mais transmissível.

Vale lembrar que "essas mutações virais estão surgindo em cidades em que há o relaxamento das medidas de proteção e onde se acreditava que a população já estava imunizada, seja pela infecção natural ou pela vacinação", comentou Spilki.

Caso do Brasil e a nova variante já detectada na Argentina

Mesmo que a variante indiana seja uma preocupação para o Brasil, não se sabe como ela deve se comportar no nosso território. Isso porque uma outra variante já é predominante no país, a de Manaus. "A variante detectada na Índia pode chegar ao Brasil e não encontrar espaço para se desenvolver, pois aqui já temos uma linhagem mais adaptada e agressiva", comentou o virologista Flávio da Fonseca, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a partir do que aconteceu com a variante britânica e sul-africana.

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"Eu diria que, no momento, a variante encontrada no Amazonas me preocupa muito mais, pois ela é tão ou ainda mais transmissível que a linhagem da Índia", afirmou José Eduardo Levi, virologista da rede de laboratórios de diagnóstico Dasa. Isso porque a transmissão do coronavírus, mesmo que em queda, ainda não está controlada no país.

Fonte: BBC, O Estado e G1