CoronaVac pode ser atualizada para combater variante Ômicron
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 07 de Dezembro de 2021 às 14h42
A CoronaVac pode ser atualizada para combater a variante Ômicron (B.1.1.529) do coronavírus SARS-CoV-2, caso seja necessário, em cerca de três meses. Neste momento, a farmacêutica chinesa estuda as mutações da nova cepa do vírus da covid-19 e avalia uma nova versão da fórmula.
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Os novos estudos da CoronaVac contra a variante Ômicron foram anunciados pela vice-presidente e líder de pesquisa e desenvolvimento da Sinovac, Yallling Hu. Na ocasião, a pesquisadora esclarecia as etapas de desenvolvimento do imunizante e os próximos passos do estudo.
O pronunciamento ocorreu nesta terça-feira (7), durante o CoronaVac Symposium. Este é um evento internacional realizado pelo Instituto Butantan, com o apoio da farmacêutica chinesa, que busca discutir, de forma aberta e acessível, as evidências sobre eficácia e segurança desta vacina contra a covid-19, onde o Canaltech esteve presente.
Mutações da Ômicron e a CoronaVac
Para compreender os potenciais riscos que a variante Ômicron representa para a eficácia da CoronaVac, a Sinovac comanda três principais frentes de estudo:
- Isolar a nova variante, a partir de amostras de pacientes infectados em Hong Kong, e iniciar testes com os anticorpos neutralizantes em laboratório;
- Realizar ensaios clínicos para examinar a eficácia da CoronaVac contra a Ômicron no mundo real;
- Desenvolver uma vacina específica contra a nova cepa, caso necessário.
"Considerando a Ômicron, estabelecemos um plano que inclui avaliação da eficácia da CoronaVac contra essa cepa e estamos em um desenvolvimento específico para a cepa Ômicron", explica a pesquisadora Yalling Hu.
"Na primeira avaliação, queremos isolar o vírus [a cepa Ômicron] e fazer um teste de anticorpos neutralizantes", detalha. Nesse sentido, a ideia é analisar a eficácia dos anticorpos neutralizantes a partir de amostras de pacientes com diferentes cronogramas de imunização e diferentes faixas etárias, por exemplo. "Para os testes de anticorpos, estaremos em avaliação em duas semanas", afirma Hu.
Dessa forma, a análise da eficácia poderá ser mais precisa. Estes testes contra a cepa deverão ocorrer no laboratório chinês BSL-3 lab e podem fornecer evidências importantes para o combate das novas mutações. Até o momento, as evidências apontam para a eficácia da CoronaVac contra a Ômicron.
Segundo a pesquisadora, "o desenvolvimento da vacina contra a cepa Ômicron está baseado num processo bem estabelecido para o rápido desenvolvimento" e deve ser concluído em três meses. Caso o coronograma siga o esperado, a Sinovac tem "a capacidade de produção de 1 a 1,5 bilhão de doses por ano" da fórmula turbinada contra a covid-19.
Vale lembrar que ainda há muitas incertezas em relação à Ômicron, inclusive sobre a sua gravidade ou capacidade de infecção. De forma semelhante à Sinovac, outras farmacêuticas — como a AstraZeneca, Pfizer, Janssen e Moderna — também coordenam estudos para avaliar a eficácia das vacinas disponíveis e, em paralelo, trabalham no desenvolvimento de atualização para as fórmulas.
A participação completa da pesquisadora Yalling Hu, no CoronaVac Symposium, pode ser conferida no vídeo a seguir, a partir do minuto 24:50: