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CoronaVac e AstraZeneca: estudo mostra efetividade em 60 mi de brasileiros

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Agosto de 2021 às 12h30

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Twenty20photos/Envato Elements
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No caminho do desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19, foram realizados os estudos clínicos de Fase 1, 2 e 3, em que os imunizantes puderam ser analisados em um cenário ideal. Em seguida, essas mesmas fórmulas ainda precisam demonstrar os benefícios no mundo real contra o coronavírus SARS-CoV-2 e suas variantes. De acordo com um novo estudo que usou dados de mais de 60 milhões de brasileiros, a vacina CoronaVac tem efetividade de 75% contra internações e óbitos. Já a Covishield (AstraZeneca/Oxford) apresentou 90%.

Para medir os dados de efetividade das vacinas CoronaVac e da AstraZeneca, um grupo internacional de pesquisadores analisou dados coletados entre janeiro — o mês em que a campanha nacional de imunização contra a COVID-19 foi iniciada no Brasil — e junho deste ano. De acordo com o preprint — estudo ainda não revisado por pares — publicado na plataforma medRxiv, foi possível computar no levantamento 60.577.870 brasileiros vacinados, incluindo detalhes como diagnóstico da doença, hospitalização, admissão na UTI e óbito. 

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Vale observar que, neste período de pesquisa, a variante predominante do coronavírus no Brasil era a Gama (P.1), descoberta pela primeira vez em Manaus, no estado do Amazonas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é uma VOC, ou seja, uma variante de preocupação para a saúde pública global. Em outras palavras, as efetividades dos imunizantes foram validadas com uma cepa bastante diferente da encontrada, inicialmente, em Wuhan, na China.

Proteção da CoronaVac e da AstraZeneca contra COVID

Para casos sintomáticos da COVID-19, o grupo de pesquisadores observou que a fórmula da AstraZeneca tem uma efetividade de 70%, enquanto a da CoronaVac é de 54,2%. Vale observar que esses dados consideraram apenas a imunização completa, ou seja, quem recebeu as duas doses de uma das vacinas.

Agora, as porcentagens melhoraram quando se observa a capacidade de reduzir riscos de hospitalizações, internações na UTI e óbitos. A proteção chega a 90% no caso da AstraZeneca, e a 75% no caso da CoronaVac.

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Os dados obtidos demonstram importante proteção contra a COVID-19, especialmente no público mais jovem. Dessa forma, os dois imunizantes seguem válidos para o controle da pandemia. No entanto, a proteção cai significativamente com o aumento da idade do paciente imunizado. 

Terceira dose para idosos

"A proteção mostrou variar de acordo com a faixa etária", alertam os autores do estudo. Nesse cenário, "uma redução na eficácia [da CoronaVac] foi observada após os 80 anos, com apenas 35,4% de proteção contra morte observada em indivíduos com mais de 90 anos", afirmam. Em paralelo, a vacina da AstraZeneca obteve 70,5% no mesmo grupo etário.

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"É razoável atribuir a redução observada na eficácia à imunossenescência, que é comumente associada a uma maior frequência de comorbidades e pode implicar em taxas de mortalidade mais altas", explicam os autores sobre o processo de enfraquecimento natural do sistema imunológico nesses indivíduos.

"Considerando o cenário atual no Brasil, nossos achados demonstram a eventual necessidade de uma dose de reforço da vacina em indivíduos com 80 anos ou mais que receberam CoronaVac, bem como em indivíduos com mais de 90 anos imunizados com AstraZeneca", orientam os cientistas.

Esta pesquisa contou com a participação de cientistas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), da Universidade de Brasília (UNB), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), da London School of Hygiene & Tropical Medicine e da Fiocruz. Para acessar o preprint sobre a eficácia das vacinas no mundo real, clique aqui.