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Como saber se a vacina da COVID-19 fez efeito?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Março de 2021 às 15h55

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microgen/Envato
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No Brasil, mais de 3,9 milhões de pessoas receberam a imunização completa contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), de acordo com o vacinômetro desenvolvido pelo Ministério da Saúde. Com a campanha da vacinação avançando e englobando mais pessoas, muita gente se pergunta como saber se a vacina contra a COVID-19 fez efeito (ou não). 

Para entender se há uma forma de medir a resposta imunológica desencadeada pelas vacinas contra a COVID-19, o Canaltech conversou com o Dr. Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). No entanto, adiantamos que, após esses testes, o paciente ainda tem risco de contrair o coronavírus, já que a proteção dos imunizantes não é 100% e o agente infeccioso continua a circular de forma elevada no país. De forma mais clara, é importante manter o uso de máscaras, higienizar sempre as mãos e evitar aglomerações.

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A vacina fez efeito?  

Para entender se a vacina contra a COVID-19 desencadeou uma resposta imunológica no paciente, é possível verificar o efeito através de sorologias (exames de sangue) específicos para esta finalidade. "A diferença das sorologias anteriormente utilizadas para avaliar a cura da COVID-19 é que essas sorologias devem ser direcionadas para antígenos específicos utilizados nas vacinas. Nesses testes para a avaliação vacinal são pesquisados os anticorpos contra a proteína S [spike, ou a espícula viral do coronavírus], que é o principal substrato das vacinas", explica o presidente da SBPC.  

"Essa proteína S tem em sua parte mais externa uma proteína mais específica, chamada RBD. Para ela, também existem testes próprios contra essa parte externa que avaliam a resposta vacinal", comenta o Dr. Ferreira. Dessa forma, são pelo menos duas maneiras de verificar o efeito da imunização contra o coronavírus, através da presença ou não de anticorpos feitos contra uma parte específica do agente infeccioso.

O presidente da SBPC também afirma que ainda há uma terceira possibilidade: a pesquisa de anticorpos neutralizantes. "Essa pesquisa simula, em laboratório, o que acontece no momento que o vírus tenta entrar na célula e identifica percentualmente o número de anticorpos que impedem que o vírus entre nela".

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"Acredito que o teste seja importante para os pacientes do grupo de risco e para aprendermos qual a periodicidade necessária nas diferentes vacinas que estão chegando ao mercado", explica Ferreira. Inclusive, durante os testes clínicos para o desenvolvimento das vacinas, muitos voluntários foram submetidos a esses exames para avaliar a resposta imune contra a COVID-19. No entanto, "para passarmos a indicar formalmente o teste, precisamos avançar com as pesquisas", complementa, sobre as questões ainda em aberto dessas pesquisas de anticorpos.

Atualmente, esses exames ainda não são cobertos pelos convênios de saúde e os preços podem variar de acordo com o laboratório e o tipo de exame escolhido. Em laboratórios privados de São Paulo, uma pesquisa de anticorpos neutralizantes pode custar cerca de R$ 375. Quanto aos testes rápidos, disponibilizados em farmácias, é preciso ficar atento, já que não é apenas uma sorologia para verificar anticorpos contra o coronavírus. Nesses casos, é importante confirmar que o teste seja específico para o antígeno utilizado por uma determinada vacina.

O exame sorológico é um passaporte para uma vida sem COVID-19?

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Mesmo que a pessoa tenha recebido as duas doses da vacina contra a COVID-19 e tenha obtido um bom resultado nessas sorologias (após um mês da última aplicação), ainda há riscos em relação ao coronavírus. De acordo com os dados de eficácia apresentados na Fase 3, estes imunizantes devem evitar a evolução da COVID-19 para os casos mais graves, onde é necessária a internação em UTI, mas não impedem que a pessoa se infecte. Por exemplo, a taxa de eficácia da CoronaVac é de 50,3%. Já a da Covishield (Oxford/AstraZeneca) é de 62% para casos sintomáticos.

Por isso, as medidas de prevenção ainda devem ser respeitadas até que haja uma redução significativa da circulação do agente infeccioso no país, o que ainda não aconteceu no Brasil, por exemplo. Nesse quesito, vale lembrar que as vacinas, independente de para qual doença imunizarem, sempre funcionam de forma coletiva, ou seja, é necessário que uma ampla parcela da sociedade esteja vacinada para que os riscos de uma doença epidêmica, como a COVID-19, sejam reduzidos. Pesquisadores estimam que essa porcentagem deve alcançar 60% da população, mas ainda não há consenso. 

Para conferir o vacinômetro do Ministério da Saúde e a aplicação de doses das vacinas contra a COVID-19 na população brasileira (tanto na primeira dose quanto na segunda), clique aqui.