Com uma única dose, vacina da Johnson & Johnson produz resposta imune e é segura
Por Fidel Forato |

Na corrida pelas vacinas contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), o imunizante da Johnson & Johnson, desenvolvido pela farmacêutica Janssen, está cada dia mais próximo de sua aprovação. Durante os estudos de Fase 1 e 2, a fórmula contra a COVID-19 conseguiu desencadear uma resposta imunológica suficiente com apenas uma dose. Entre as vacinas já desenvolvidas, todas demandam duas doses.
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Em pesquisa publicada no periódico científico The New England Journal of Medicine, a vacina da Johnson & Johnson obteve bons indicadores de segurança e também desencadeou a resposta imunológica satisfatória do corpo contra o coronavírus. Além disso, os resultados positivos foram verificados em testes com duas dosagens diferentes.
Johnson contra a COVID-19
“Uma dose única da Ad26.COV2.S induziu uma forte resposta humoral na maioria dos receptores da vacina, com a presença de anticorpos neutralizantes em mais de 90% dos participantes, independentemente da faixa etária ou da dose do imunizante”, apontaram os pesquisadores da vacina da Johnson & Johnson, no estudo. Na análise, também foi possível observar que os anticorpos aumentaram e se estabilizaram durante os 71 dias do estudo, o que sugere que o imunizante desencadeie uma resposta imune duradoura.
De forma geral, a pesquisa demonstra que 90% dos participantes desenvolveram anticorpos neutralizantes 30 dias após a aplicação. Depois, esse número chegou em 100%, quando os dados foram analisados 57 dias após o recebimento da dose. Esses resultados foram obtidos tanto nos grupos mais novos como nos mais velhos.
Este levantamento considerou os resultados da aplicação da vacina em 805 participantes, entre adultos e idosos. Entre os eventos adversos, os pesquisadores mais relataram: fadiga; dor de cabeça; e dor no local da aplicação. Agora, é necessária a conclusão dos estudos de Fase 3, onde milhares de voluntários recebem a vacina, para se estipular, entre outras coisas, a taxa de eficácia do imunizante.
Johnson & Johnson no BR
Quanto aos testes de Fase 3, o Brasil é um dos países que participam da pesquisa, desde agosto do ano passado, e pode contar com até sete mil voluntários. Mesmo sem concluir esta terceira e última etapa, a Johnson & Johnson já se organiza para a eventual aprovação emergencial do imunizante, fabricado pelo seu próprio laboratório, Janssen. Nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu uma certificação de boas práticas para as fábricas de vacina da empresa. Este seria o primeiro passo para uma aprovação de uso nacional.
Além disso, o imunizante também é considerado no plano nacional de imunização. Conforme divulgado em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde espera contar com 38 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson. Dessa forma, três milhões de doses seriam disponibilizadas no segundo trimestre de 2021, oito milhões, no terceiro trimestre, e 27 milhões, no quarto trimestre.
Vale comentar que o imunizante adota uma plataforma vetor viral não replicante, de forma similar à vacina de Oxford, por exemplo. Na fórmula contra a COVID-19, o adenovírus Ad26 é modificado para não se replicar mais e é editado para carregar a proteína espicular do coronavírus. Assim, é esperado que uma única dose desencadeie uma boa e prolongada resposta imune. Em relação ao imunizante de Oxford, a diferença é justamente a necessidade de duas doses.
Para acessar o artigo publicado sobre os resultados das Fases 1 e 2, clique aqui.
Fonte: Estadão