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Cientistas usam o vírus do herpes para combater um tipo mortal de câncer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Fevereiro de 2022 às 09h40

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Spectral/Envato
Spectral/Envato

Para tratar um câncer cerebral, pesquisadores norte-americanos editaram geneticamente um tipo do vírus herpes (Herpes Simplex Virus, HSV) e injetaram o agente infeccioso no local dos tumores. O experimento foi bem-sucedido e, segundo os cientistas, pode ser um tratamento promissor contra o glioblastoma no futuro.

Publicado na revista científica Clinical Cancer Research, o estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio (OSU) e da Universidade do Alabama em Birmingham
(UAB), ambas localizadas nos Estados Unidos.

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O que é o glioblastoma?

Vale explicar que o glioblastoma multiforme (GBM) é um tipo de câncer e tende a evoluir rapidamente, sendo que os primeiros sintomas podem ser dores de cabeça, náuseas e alterações de personalidade. Dependendo do quadro, o paciente também pode sofrer com perda de consciência.

A sobrevida média do paciente costuma ser de 12 a 15 meses a partir do diagnóstico inicial. Em casos de recorrência, a média é de 4 a 6 meses. "Apenas 5% a 10% dos pacientes vivem mais de cinco anos. É praticamente fatal", explica James Markert, neurocirurgião da UAB, em comunicado.

"Apesar de 50 a 60 anos de pesquisa e avanços em cirurgia, quimioterapia e radiação, não avançamos muito em termos de sobrevida" desse tipo de câncer, completa o médico.

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Como o herpes age contra o câncer?

No estudo, a versão do herpes editada geneticamente recebeu o nome de G207 e, segundo os pesquisadores, mostrou-se uma alternativa promissora no combate ao glioblastoma. Isso porque o agente infeccioso conseguiu atacar, diretamente, as células tumorais no cérebro.

"Há algo diferente na defesa das células tumorais contra vírus, porque as mudanças no DNA que impediam o vírus de ser infeccioso em células humanas normais não estavam presentes nas células tumorais", explica o neurocirurgião Markert. "Como resultado, o vírus se tornou seletivo para infectar e matar células tumorais", acrescenta.

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Ativação da resposta imunológica

Normalmente, as células tumorais passam "despercebidas" pelo sistema imunológico, o que facilita a sua proliferação. No entanto, o herpes, além de atacar estas células, conseguiu ativar a resposta imunológica natural do organismo contra esses "invasores". Dessa forma, a potencial terapia tem uma função dupla no controle desses tumores.

Estudos clínicos da potencial terapia

Após um estudo clínico preliminar de segurança, os pesquisadores seguiram para a Fase 1B, onde foram selecionados 6 voluntários com mais de 18 anos e com quadro de recorrência do glioblastoma. Após o tratamento com o G207, foi possível identificar melhora do quadro e os tumores "estavam repletos de células imunes", explica Market.

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As novas evidências apontam para uma possibilidade de usar o próprio sistema imunológico como arma contra esses tumores cerebrais potencialmente mortais, explica William Cance, da American Cancer Society. Agora, novos estudos devem ser realizados para avaliar, principalmente, a eficácia da estratégia.

Fonte: Clinical Cancer Research HealthDay