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Cientistas sugerem que vacina do herpes-zóster pode prevenir Alzheimer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Junho de 2023 às 12h44

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iLexx/Envato
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Na ciência, os consensos são construídos através de inúmeros experimentos e, dificilmente, o resultado de um único estudo é suficiente para comprovar uma hipótese. Neste ponto, uma nova leva de evidências aponta para a relação entre o Alzheimer e infecções pelo Vírus Varicela-Zóster (VVZ), que causa a catapora (varicela) e o herpes-zóster. A partir disso, cientistas sugerem que a vacinação contra o VVZ pode prevenir o quadro neurodegenerativo no cérebro.

A questão é que a doença de Alzheimer parece ser multifatorial e outros vírus comuns, como aquele que causa a gripe (influenza), também foram relacionados com risco aumentado para este tipo de demência. O porquê das infecções geraram esses desdobramentos ainda é desconhecido.

Apesar da dúvida, “estudos sugerem que a vacinação [contra esses vírus comuns] pode ser uma medida potencial para prevenir a demência”, afirmam pesquisadores da University of Colorado Anschutz, nos Estados Unidos, em artigo para a plataforma The Conversation.

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“A vacinação contra o vírus da gripe sazonal e herpes-zóster está associada a uma redução de até 29% e 30% no risco de desenvolver demência, respectivamente”, acrescentam. Só que, hoje, ainda há quem discorde e inúmeras incertezas sobre o tema.

Entenda o que é herpes-zóster e varicela

Aqui, vale uma breve explicação. Embora muita gente não saiba, a pessoa que teve catapora (varicela) na infância vai permanecer com o VVZ no corpo para o resto da vida. A questão é que o vírus permanece latente, no sistema nervoso, podendo nunca mais se manifestar.

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Entretanto, por inúmeros fatores, incluindo a perda da função imunológica em casos de câncer, o vírus pode ser reativado. Outro fator de risco é a idade, sendo mais comum naqueles que passaram dos 50 anos. Nesses casos, o paciente desenvolve a doença conhecida como herpes-zóster.

Inclusive, a vacinação específica para o herpes-zóster é normalmente recomendada para aqueles com mais de 50 anos. O ponto é que no Brasil isso só ocorre na saúde privada, já que o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não disponibiliza essas vacinas. Reforçando, esses usos não são estimulados pela possível proteção do Alzheimer.

Vacina do herpes-zóster previne demência?

No Reino Unido, pesquisadores da University of Manchester analisaram registros médicos de 228 mil pacientes e publicaram as suas conclusões na revista científica BMJ Open, de 2021.

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O curioso é que, no levantamento, um quadro de herpes-zóster não foi associado ao risco aumentado de Alzheimer, mas a vacinação reduziu a incidência da doença por algum motivo desconhecido.

"Houve um aumento pequeno, mas não significativo, no risco de demência em indivíduos com herpes-zóster diagnosticados 3 anos ou mais antes do diagnóstico de demência”, afirmam os autores. Por outro lado, “nos indivíduos que receberam a vacina Zostavax [da farmacêutica MSD], o risco de demência diminuiu significativamente”, completam.

Mais pesquisas sobre o Alzheimer

Em outra pesquisa sobre o tema, cientistas da University of Vienna, na Áustria, e da Stanford University, nos Estados Unidos, também confirmaram que a imunização contra o herpes-zóster, feita com a vacina Zostavax, em pessoas com mais de 70 anos protege contra o Alzheimer. O preprint — estudo não revisado por pares — foi publicado este ano na plataforma MedRxiv.

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Focando também na população britânica, este levantamento considerou pessoas que nasceram no País de Gales a partir de 1933 e que foram imunizadas por volta dos 70 anos. As pessoas mais velhas (nascidas em 1932 ou antes) não foram vacinadas contra o herpes-zóster, quando a vacina chegou em 2013.

Segundo os pesquisadores, as pessoas elegíveis e que foram vacinadas tinham um risco até um quinto menor de diagnóstico para demência, durante o estudo, em comparação com o grupo que não teve acesso.

“Nossos resultados demonstram que a vacinação contra o herpes-zóster é eficaz na prevenção ou retardo da demência se administrada em indivíduos com 70 anos”, confirmam os autores. No entanto, a equipe não sabe se os benefícios podem ser observados em pessoas mais jovens e nem se são necessárias doses de reforço ao longo dos anos.

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Dúvidas sobre o impacto da vacinação contra o Alzheimer

Se os dois estudos anteriores entram em consenso na questão da vacinação, não é possível dizer o mesmo sobre uma pesquisa publicada na revista Neurology, em 2022. Para os cientistas da Aarhus University Hospital, na Dinamarca, e da Stanford University, não há essa relação direta entre o herpes-zóster e o Alzheimer.

"O herpes-zóster não está associado a risco aumentado de demência e, ao contrário do esperado, encontramos uma pequena diminuição no risco”, afirmam os pesquisadores, após analisarem os dados de saúde de 247 mil dinamarqueses entre os anos de 1997 e 2017. Por isso, "é improvável que a vacinação universal contra o Vírus Varicela-Zóster em idosos reduza o risco de demência”, completam.

Agora, mais estudos devem investigar a questão, enquanto buscam explicações para os dados conflitantes. Em paralelo, uma nova gama de tratamentos contra o Alzheimer são testados, incluindo uma vacina específica contra este tipo de demência.

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Fonte: Neurology, BMJ OpenMedRxiv e The Conversation