Cientistas russos querem reviver espécie extinta de bisão da Sibéria
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Após encontrarem um bisão extinto congelado e incrivelmente preservado, cientistas russos planejam reviver a espécie que há mais de oito mil anos habitou a Sibéria. A equipe ainda está no início da pesquisa que vai clonar o animal, mas os tecidos removidos durante a necropsia já são analisados em laboratório para novas análises.
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“Estamos trabalhando com uma descoberta única que pode ser clonada no futuro graças a materiais selecionados”, aposta Hwang Woo Suk, professor da Eastern Federal University (NEFU), em comunicado. Apesar do otimismo, especialistas não envolvidos com o centro de pesquisa apontam para a alta complexidade da operação que envolve a clonagem de um bisão extinto.
O que sabemos sobre a espécie extinta de bisão que pode ser revivida na Rússia?
Vale explicar que o bisão foi descoberto na cidade russa de Verkhoyansk, durante o verão do ano passado, e doado à universidade. Segundo os cientistas, as investigações preliminares indicam que o animal tinha entre 1 a 2 anos quando morreu. É possível que tenha vivido há oito ou nove mil anos, mas pesquisas complementares ainda são necessárias para confirmar a hipótese.
Durante a necropsia do bisão recém-descoberto no permafrost — camada de terra congelada — da Sibéria, a equipe de cientistas conseguiu coletar amostras de lã, pele, ossos, músculos, gordura e chifres. Além disso, foi possível remover completamente o cérebro.
"Neste verão, planejamos visitar o local onde outros restos de animais fósseis podem ser encontrados”, afirma Maxim Cheprasov, responsável pelo NEFU Mammoth Museum. O encontro de mais espécimes pode facilitar os planos de reviver a espécie.
Desafios para a clonagem de animais extintos
“Na minha opinião, não vai ser possível clonar animais extintos [como o bisão da Sibéria] a partir de tecidos como este”, afirma Love Dalén, paleogeneticista da Universidade de Estocolmo, na Suécia, que não está envolvido na pesquisa, para o site LiveScience.
Dalén explica que, mesmo que os tecidos estejam bem preservados por fora, é preciso que o DNA esteja intacto, o que é muito difícil. É mais provável que os cromossomos estejam fragmentos em milhões de pedaços. O cientista aponta um possível caminho: sequenciar a parte possível do genoma do bisão extinto e complementá-la com o DNA de outros espécimes, como dos bisões atuais. A mistura criaria um tipo de híbrido entre os dois animais.
Talvez, possa parecer ficção científica, mas alguns laboratórios no mundo já trabalham com o conceito para reviver espécies extintas. Este é o caso da empresa Colossal, fundada por Ben Lamm. O foco é desenvolver um animal híbrido que funde o mamute-lanoso (extinto) e o elefante asiático (contemporâneo).
Fonte: NEFU e LiveScience