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Cientistas recomendam guardar amostras do cocô para transplantes fecais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Julho de 2022 às 16h28

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Twenty20photos/Envato Elements
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Preservar amostras do cordão umbilical é uma atividade que pode ser realizada após o nascimento de um bebê — e o feito é justificado pelos potenciais benefícios que aquelas células-troncos podem promover em alguns casos de doença. Agora, especialistas começam a debater a preservação de amostras de cocô de pessoas jovens, que poderão ser usadas na velhice e, em tese, irão restaurar o microbioma intestinal destes indivíduos.

Publicado na revista científica Trends in Molecular Medicine, um novo estudo debate formas de restaurar o microbioma intestinal em pessoas mais velhas. Mais pesquisas ainda são necessárias, mas o rejuvenescimento poderia ocorrer, no futuro, através de técnicas que envolvem colonoscopia, enema ou cápsulas, ingeridas por via oral, com os microorganismos presentes na amostra.

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Por que preservar amostras do cocô?

Vale explicar que o microbioma intestinal é composta por uma diversa gama de bactérias, vírus, protozoários e fungos que vivem no trato gastrointestinal. A atividade deles é muito benéfica para o organismo e é possível afirmar que a existência humana seria bastante diferente, caso este "ambiente" fosse completamente asséptico.

Hoje, a ciência sabe que mudanças na dieta e de estilos de vida podem alterar a composição do microbioma e, em alguns casos, as alterações têm um efeito negativo, especialmente quando envelhecemos. Algumas evidências científicas associam estas alterações com maior incidência de asma e de diabetes, por exemplo. Recentemente, um estudo brasileiro associou o desequilíbrio no intestino com o maior risco para o Parkinson.

Transplante de microbiota fecal

A ideia é "rejuvenescer o microbioma intestinal humano através de um banco de fezes e transplante autólogo de microbiota fecal, ou seja, coletar amostras de fezes dos hospedeiros em uma idade mais jovem, quando eles estão em ótima saúde, e criopreservar as amostras em um banco de fezes para o próprio uso futuro dos doadores", explicam os cientistas da Harvard Medical School e no Brigham and Women's Hospital (BWH), ambas nos Estados Unidos.

Para ser mais preciso, o procedimento é conhecido como transplante autólogo de microbiota fecal (FMT, em inglês). Apesar das evidência preliminares, os autores sugerem que o transplante pode provocar "o potencial de rejuvenescimento do microbioma intestinal humano". Com isso, algumas doenças poderiam ser evitadas.

Vale a pena rejuvenescer a microbiota intestinal?

“A ideia de 'renaturalizar' o microbioma humano decolou nos últimos anos e tem sido muito debatida do ponto de vista médico, ético e evolutivo”, justifica Yang-Yu Liu, coautor do estudo e professor associado de Harvard, para o site Science Focus.

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No entanto, "ainda não se sabe se as pessoas em sociedades industrializadas podem obter algum benefício para a saúde ao restaurar seu microbioma a um estado ancestral", afirma Liu. Caso haja algum benefício, a técnica que envolve guardar amostras de cocô dos mais jovens poderá ser usada no futuro.

“Os FMTs autólogos têm o potencial de tratar doenças autoimunes, como asma, esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, diabetes, obesidade e até doenças cardíacas e envelhecimento”, pontua Scott T. Weiss, outro coautor do estudo e pesquisador de Harvard. “Esperamos que este artigo leve a alguns testes de longo prazo de FMTs autólogos para prevenir doenças”, completa ele, sobre a lista de evidências que ainda são necessárias para que a prática se popularize.

Fonte: Trends in Molecular Medicine e Science Focus