Cientistas inserem células-tronco humanas em "coração de porco" artificial
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 02 de Junho de 2022 às 17h40
Cientistas inseriram células-tronco humanas em um coração feito com tecidos de porco, destinado a futuros transplantes que não sejam rejeitados pelo organismo. A ideia é reduzir os riscos e eliminar a necessidade de medicamentos antirrejeição, e as informações foram compartilhadas durante a conferência Life Itself, na última quarta-feira (1).
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Os cientistas responsáveis pela novidade — liderados pela bióloga molecular Doris Taylor — programaram um robô para injetar células-tronco em corações dentro de um ambiente estéril, e a estimativa é que a tecnologia possa auxiliar no combate a doenças cardíacas. "Queremos tornar disponível para todos", anunciou a equipe.
A equipe conta que encheu o coração com sangue artificial e deixou as células cardíacas se contraírem, mas ainda é necessário ajudá-las com bombas elétricas, ou elas morrem. As células também são alimentadas com oxigênio de pulmões artificiais.
"Nós injetamos o mesmo tipo de células em todo o coração, então todas começaram da mesma forma, mas agora, quando olhamos no ventrículo esquerdo, encontramos células cardíacas do ventrículo esquerdo. Se olharmos no átrio, elas se parecem com células cardíacas atriais, e se olharmos no ventrículo direito, elas são células cardíacas do ventrículo direito. Com o tempo, elas se desenvolveram e cresceram para trabalhar juntas e se tornar um coração", conta Taylor.
A empresa por trás da tecnologia é a Advanced Solutions, conhecida pela projeção e criação de plataformas para a construção de tecidos humanos. A equipe de Taylor levou anos para descobrir onde injetar, quanta pressão colocar na seringa e a melhor velocidade e ritmo para adicionar as células, então um robô pode fazer isso de forma rápida e precisa. O robô utilizado pelo grupo ainda é capaz de usar o ultrassom para ver dentro da via vascular.
Na prática, o real coração de porco tem sido muito estudado na medicina para a realização de transplantes. Em janeiro deste ano aconteceu, inclusive, o primeiro transplante em um ser humano. No entanto, o paciente — o norte-americano David Bennett (57) — tinha uma doença cardíaca em estágio terminal, e nem mesmo o transplante foi capaz de salvá-lo.
Fonte: CNN Health