Alemães querem criar porcos para transplante de coração em humanos
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Após o sucesso do primeiro transplante de um coração de porco para um humano nos Estados Unidos, uma equipe de cientistas da Alemanha pretende criar animais geneticamente modificados para serem uma fonte de doação de órgãos para humanos. A ideia é que os testes para a criação comecem ainda neste ano, mas o tema é controverso e levanta inúmeras questões éticas.
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A iniciativa é liderada pelo cientista Eckhard Wolf, da Universidade Ludwig-Maximilians (LMU), em Munique. De acordo com a agência de notícias Reuters, os cientistas criarão uma nova raça de porcos, modificados a partir dos animais da Ilha de Auckland, no Oceano Pacífico.
Estudos para aprovar os corações de porcos
De acordo com Wolf, a primeira geração dos porcos geneticamente modificados deve nascer ainda neste ano. Em um primeiro momento, os corações suínos serão testados em babuínos para aperfeiçoar a técnica e validar os protocolos.
Os testes com transplantes em humanos podem ser iniciados entre 2024 e 2025, se os responsáveis conseguiram levar o plano adiante, estima Wolf.
Para justificar a iniciativa, os defensores pontuam que os porcos poderão ajudar a encurtar a lista de espera por doação de órgãos em toda a Alemanha e, eventualmente, em outros países. Outro ponto é que animais são criados para o consumo humano.
Questões éticas?
Do outro lado, especialistas e ativistas apontam que a criação de animais para o transplante de órgãos bate de frente com os direitos dos animais. Caso essas fazendas sejam liberadas, os animais se devem se tornar algo uma espécie de fábrica de órgãos.
A porta-voz da Munich branch of Germany's Animal Welfare Association, Kristina Berchtold, define esta prática como "muito questionável eticamente". "Os animais não devem servir como peças de reposição para os humanos", afirma.
"Um animal de estimação, um animal de fazenda, um clone ou um animal nascido naturalmente, todos têm as mesmas necessidades, medos e também direitos", reforça Berchtold.
Fonte: Reuters