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Cientistas brasileiros descobrem como o vírus da covid-19 infecta o cérebro

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Agosto de 2022 às 10h32

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GerryShaw/CC-BY-S.A-3.0
GerryShaw/CC-BY-S.A-3.0

Cientistas brasileiros encontraram evidências do vírus causador da covid-19 em astrócitos de cérebros humanos, publicando seus achados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Foram analisados pacientes que: não se infectaram; que se infectaram, mas não foram hospitalizados; infectados e hospitalizados; e indivíduos que faleceram da condição.

Pacientes têm reclamado de sintomas neurológicos advindos da infecção por SARS-CoV-2 desde o início da pandemia. Eles incluem névoa mental, dores de cabeça e dificuldades para manter a atenção. Estudos focados no cérebro, portanto, vêm sendo realizados desde que se notou a infecção do cérebro por parte do vírus.

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Astrócitos e sua infecção

A equipe de pesquisadores iniciou estudando o caso de 81 pacientes infectados, mas que não morreram ou que sequer foram hospitalizados. Em comparação a um grupo controle que não foi infectado, notou-se que o primeiro grupo exibia mais sintomas de depressão e ansiedade. Essas condições são típicas de problemas no córtex orbitofrontal.

Dissecando, então, o cérebro de 26 pacientes que faleceram por decorrência da covid-19, com foco no córtex orbitofrontal, o vírus foi detectado em astrócitos de 5 indivíduos. Os cientistas notam, ainda, ser possível não ter encontrado o vírus no cérebro de outros pacientes falecidos por limitações técnicas.

Os astrócitos, embora trabalhem no cérebro, não são células nervosas, e sim células gliais, que apresentam formato de estrela e auxiliam os neurônios ao fabricar e lhes transportar alimentos. Analisando de perto os vírus que infectaram os astrócitos, descobriu-se que eles produziram uma proteína que mudou o comportamento das células, fazendo-as produzir menos lactato, o alimento neuronal.

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A pesquisa, então, se voltou para descobrir com o vírus conseguiu infectar tais componentes cerebrais. Revelou-se que as proteínas espículas (spike) do SARS-CoV-2 miravam em receptores diferentes daqueles afetados nos pulmões, o que permitia a ligação das proteínas virais com os astrócitos. O resultado disso, segundo os cientistas, foi a morte ou disfunção neuronal, já que os astrócitos infectados não conseguiam mais alimentar os neurônios.

A descoberta mostra como a covid-19 afeta as funções cerebrais dos pacientes infectados, e embora o estudo tenha sido limitado, ele abre caminho para novas pesquisas e possibilidades terapêuticas tanto em casos graves quanto leves da doença, impedindo que o vírus se replique em astrócitos e acabe causando danos severos no cérebro.

Fonte: PNAS