Cientistas indicam dois parapsicodélicos contra depressão
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Em novo artigo publicado na revista Nature, cientistas apresentaram o potencial de dois parapsicodélicos contra depressão. Por enquanto, as substâncias foram testadas apenas em roedores. O grupo experimentou várias moléculas para encontrar uma que se encaixasse bem no receptor cerebral 5HT2A para o neurotransmissor serotonina, a mesma porta de entrada de células nervosas utilizada por psicodélicos clássicos, como o LSD.
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Depois dos testes, o time chegou a duas substâncias mais promissoras, (R)-69 e (R)-70. O passo seguinte foi testar seus efeitos antidepressivo e psicodélico nos roedores. Com isso, os experimentos indicaram resultado antidepressivo comparável aos de psicodélicos como psilocibina e DMT, mas conforme sugere o artigo, não induziram uma quantidade significativa de movimentos de cabeça, típicos em virtude do uso de drogas alteradoras de consciência.
Vários pesquisadores consideram que a cura de transtornos de humor como a depressão não depende apenas de mecanismos bioquímicos, e uma limitação desse estudo é não ter se concentrado na interação entre os efeitos psicodélicos e o efeito antidepressivo.
Entretanto, vale levantar o ponto de que o estudo não investigou a relação dos compostos (R)-69 e (R)-70 com a neuroplasticidade, a criação de novas conexões neuronais responsáveis pelo potencial terapêutico de psicodélicos.
De qualquer forma, especialistas indicam que a janela de neuroplasticidade aberta pelos psicodélicos coincide temporalmente com os efeitos subjetivos em seres humanos, ou seja: podem se tornar relevantes durante psicoterapia. Ainda há muito o que estudar, principalmente levando em conta a complexidade da depressão.
Fonte: Nature via Folha de S. Paulo