Cientistas encontram pistas associadas a paranoia em adolescentes com covid
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 26 de Outubro de 2021 às 11h50
Em um estudo publicado na última segunda-feira (25), pesquisadores da Universidade da Califórnia identificaram anticorpos nocivos no cérebro de dois adolescentes que desenvolveram sintomas psiquiátricos graves, como paranoia, delírios e pensamentos suicidas durante a covid-19.
- Nesta etapa da pandemia, crianças e adolescentes precisam ainda mais de proteção
- Ministério da Saúde volta a recomendar vacinação da covid para adolescentes
- Adolescente descobre a própria "morte" na fila para se vacinar contra covid-19
Os anticorpos apareceram em um líquido transparente que flui ao redor dos espaços ocos do cérebro e da medula espinhal, chamado cefalorraquidiano (LCR). Embora esses anticorpos possam atacar o tecido cerebral, os pesquisadores alegam que é muito cedo para dizer que esses anticorpos causaram diretamente os sintomas, porque muitos deles parecem ter como alvo estruturas localizadas no interior das células.
Os autores do artigo suspeitam que esses anticorpos são indicativos de uma resposta autoimune fora de controle que pode estar conduzindo os sintomas, sem que necessariamente causem os sintomas diretamente. Os pesquisadores relembram que outros vírus, como herpes, às vezes podem levar ao desenvolvimento de anticorpos que atacam as células cerebrais, desencadeando inflamações prejudiciais e causando sintomas neurológicos.
A equipe então usou experimentos de laboratório para identificar os alvos que os anticorpos neurais agarraram, e sinalizou uma série de alvos potenciais e focaram em uma proteína chamada fator de transcrição 4 (TCF4). Mutações no gene para TCF4 podem causar um distúrbio neurológico raro chamado síndrome de Pitt-Hopkins, e acredita-se que o TCF4 disfuncional pode estar envolvido na esquizofrenia.
Essas descobertas sugerem que os autoanticorpos podem contribuir para uma resposta imune descontrolada. A ideia é que em estudos futuros, a equipe consiga examinar o LCR de crianças e jovens com covid-19 que não apresentavam sintomas neuropsiquiátricos. O estudo pode ser encontrado aqui.
Fonte: Live Science