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Cientistas descobrem que composto de calêndula pode combater a covid

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Outubro de 2022 às 18h00

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Statuska/Envato
Statuska/Envato

Procurando novas terapias para combater a evolução da covid-19, cientistas brasileiros e alemães descobriram três compostos naturais que inibem a replicação do coronavírus SARS-CoV-2. Curiosamente, um deles foi isolado a partir da planta calêndula (Tagetes patula), que é bastante conhecida por suas flores nas cores amarela e laranja. Os resultados preliminares dos testes em laboratório foram promissores e, agora, será necessário testar os compostos em experimentos com animais.

Na pesquisa, o foco era encontrar compostos que conseguissem inibir a proteína PLpro — que é uma das enzimas responsáveis pela proliferação do vírus da covid-19 no organismo. No teste, os potenciais fármacos inibiram entre 50% e 70% a ação dessa enzima.

Publicado na revista científica Communications Biology, o estudo que verificou a eficácia dos compostos naturais contra a covid-19 foi desenvolvido pela equipe do laboratório Unit for Drug Discovery do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP). Além disso, estiveram envolvidos pesquisadores da Universidade de Hamburgo e do Deutsches Elektronen-Synchrotron (DESY), ambos da Alemanha.

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Quais compostos naturais podem combater a covid, incluindo o da calêndula?

No estudo que busca novos tratamentos para o controle de casos da covid-19, os pesquisadores identificaram os seguintes compostos naturais como promissores:

  • 4-(2-hidroxietil)fenol (YRL), isolado a partir da planta Lawsonia alba;
  • 4-hidroxibenzaldeído (HBA), isolado da planta Acalypha torta;
  • Metil 3,4-dihidroxibenzoato (HE9), isolado da Tagetes patula (calêndula).
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Todos os compostos são derivados do fenol e classificados como polifenóis. Vale explicar que esta é uma classe de compostos bioativos presentes em plantas.

Como foram os estudos para novos tratamentos contra covid?

Inicialmente, os pesquisadores alemães consideram 500 compostos, mas apenas três demostraram um nível promissor de atividade contra o vírus da covid-19. “Nossos colaboradores observaram o grau de interação entre os compostos e a PLpro. Isso foi feito por meio de cristalografia de raios X, um método inovador e ainda pouco difundido”, afirma Elisa de Souza, pesquisadora do ICB-USP e uma das autoras do estudo, para a Agência Fapesp.

Em seguida, o braço brasileiro da pesquisa testou as moléculas em culturas de células Vero que foram infectadas, em um laboratório de nível 3 de biossegurança (NB3). “Ao inserirmos os compostos nas células infectadas, constatamos que eles [três] impediram a replicação do coronavírus ao atingir a PLpro, que tem a capacidade de inativar as células do sistema imunológico, podendo levar a casos graves da doença. Como um percentual considerável dos vírus não conseguiu se replicar, as partículas virais infecciosas foram eliminadas”, acrescenta Edmarcia Elisa de Souza, do ICB-USP.

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Uma das vantagens da descoberta é que os compostos não apresentaram toxicidade, ou seja, não comprometeram à integridade das células. Isso reforça o aspecto promissor da descoberta que, agora, deve ser estudada em modelos animais.

Apesar dos resultados preliminares, é preciso destacar que a maioria dos compostos não consegue provocar os mesmos efeitos, observados em laboratório, em humanos. Nessa equação, estão diferentes desafios, como a dosagem ideal, a forma de entrega da substância (pílula ou injeções) e ainda a dificuldade da potencial substância chegar até o local em que o vírus age no corpo. Neste caso, a expectativa é que o composto isolado da calêndula e os outros dois sejam exceções da "regra geral".

Fonte: Communications BiologyAgência Fapesp