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Cientistas descobrem como o "vírus Rapunzel" age

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Março de 2023 às 10h48

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Prawny/Pixabay
Prawny/Pixabay

Conhecido por viver em ambientes inóspitos, como em águas termais com temperatura maior que 75 °C, e se alimentar de bactérias resistentes, o vírus Rapunzel intriga há anos a ciência. Entre as características mais marcantes deste tipo de bacteriófago, está a sua cauda extremamente longa. Oficialmente, o agente infeccioso recebe o nome de P74-26.

Para dimensionar o vírus inspirado na lenda dos Irmãos Grimm, a cauda do Rapunzel mede aproximadamente um micrômetro — algo descrito como "monstruoso" por Brian Kelch, um dos responsáveis pela nova pesquisa e professor de bioquímica da UMass Chan Medical School, nos Estados Unidos. A dimensão é 10 vezes maior do que qualquer outra cauda de bacteriófago conhecida pela ciência.

Além do tamanho, o vírus Rapunzel gera interesse pela sua capacidade de destruir bactérias resistentes, através de sua longa e perfuradora cauda. A função pode ser usada no desenvolvimento de novos remédios, como antibióticos, segundo o estudo publicado na revista científica Journal of Biological Chemistry (JBC).

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Entenda o que são os bacteriófago, como o Rapunzel

Basicamente, os bacteriófagos estão em todos os lugares onde as bactérias estão. Isso significa que este tipo de vírus pode ser encontrado em lixões, na água e até no ecossistema microbiano do nosso próprio organismo. Diferente dos outros vírus, como o SARS-CoV-2, que contêm apenas um comportamento, eles se destacam por sua cauda, de diferentes comprimentos.

Algumas caudas podem ser longas e espiraladas, como a do vírus Rapunzel, e outras podem ser curtas e rígidas. Em comum, todas as caudas têm no seu final uma espécie de prisma, que preserva todo o DNA viral. A imagem é semelhante ao pompom tosado no final do rabo de um cachorro, como um poodle.

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A cauda do vírus Rapunzel

No caso do vírus Rapunzel, os cientistas explicam que a sua longa cauda é capaz de perfurar bactérias mais resistentes, que são revestidas por uma substância densa e viscosa. Além disso, este é o bacteriófago mais estável conhecido, e isso o torna apto a sobreviver em ambientes inóspito, como locais muito quentes.

Vale explicar que, segundo os autores, a cauda do vírus é composta por pequenos blocos de construção, como legos, que se juntam para formar um tubo longo. Dependendo do cenário, os blocos podem mudar de forma ou a maneira como se encaixam na fase de construção. Agora, o grupo quer entender como os diferentes tamanhos de cauda impactam o Rapunzel, através da edição genética — ampliando ou encurtando a estrutura.

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Vírus Rapunzel e a busca por novos remédios

Outra importante frente de pesquisa envolvendo o vírus Rapunzel é a pesquisa contra as infecções bacterianas. No momento, os testes estão em estágio pré-clínico e são feitos apenas em laboratório, mas a equipe acredita que esta seja uma estratégia promissora contra as bactérias mais resistentes.

“Os bacteriófagos estão ganhando interesse cada vez maior como uma alternativa aos antibióticos para o tratamento de infecções bacterianas”, pontua Emily Agnello, outra autora da pesquisa. “Ao estudar a montagem da cauda, podemos entender melhor como esses vírus interagem com as bactérias, o que pode levar ao desenvolvimento de terapias baseadas em vírus mais eficazes", acrescenta.

Vale pontuar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a busca por novos antibióticos deve ser uma das prioridades do campo científico e farmacêutico, considerando que a resistência antimicrobiana já está entre as principais causas de morte no mundo.

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Fonte: JBC e Asbmb