Cientistas descobrem como as bactérias conseguem se mover
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A maneira como as bactérias conseguem se mover permaneceu um mistério para a ciência por um bom tempo, mas isso mudou com a publicação de um artigo da revista Cell. Segundo os pesquisadores, as bactérias se empurram para a frente enrolando apêndices longos e filiformes em formas de saca-rolhas que agem como hélices improvisadas, feitas de uma única proteína.
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Os pesquisadores usaram uma técnica de modelagem computacional avançada para revelar a estrutura dessas hélices. É preciso entender que as bactérias têm um ou vários apêndices conhecidos como flagelos. Se a cauda fosse reta ou um pouco flexível, isso deixaria as bactérias incapazes de se mover, já que não podem gerar impulso.
Conforme os autores comentam, é preciso uma hélice giratória, semelhante a um saca-rolhas, para empurrar uma bactéria para a frente. A equipe descobriu que a proteína que compõe o flagelo pode existir em 11 estados diferentes, e é a mistura precisa desses estados que faz com que a forma de saca-rolhas se forme.
Nesse novo estudo, os especialistas se concentraram em examinar os flagelos de uma forma de arquea, Saccharolobus islandicus. Eles concluem que este processo é um exemplo de "evolução convergente", ou seja, quando a natureza chega a soluções semelhantes por meios muito diferentes. Isso mostra que, embora as hélices de bactérias e archaea sejam semelhantes em forma e função, os organismos desenvolveram essas características de forma independente.
“Assim como pássaros, morcegos e abelhas, que evoluíram independentemente asas para voar, a evolução de bactérias e arqueas convergiu em uma solução semelhante para nadar em ambos. Desde que essas estruturas biológicas surgiram na Terra há bilhões de anos, os 50 anos que foram necessários para entendê-las podem não parecer tão longos”, apontam os autores.
Fonte: Cell via Science Daily