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Cientistas da UCLA conseguem reanimar cérebros de pessoas em coma

Por| 04 de Fevereiro de 2021 às 18h30

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 Robina Weermeijer /Unsplash
Robina Weermeijer /Unsplash

Em 2016, uma equipe da University of California, Los Angeles (UCLA) teve sucesso ao reanimar o cérebro de um homem de 25 anos que estava se recuperando de um coma. No último dia 27, a equipe realizou o mesmo procedimento em mais três pacientes com lesões cerebrais graves.

De acordo com os cientistas, os pacientes estavam há muito tempo num estado de consciência mínima, e dois dos novos pacientes fizeram progressos por meio dessa técnica, baseada em ultrassom. De acordo com os próprios pesquisadores, os novos resultados foram mais significativos porque os pacientes crônicos eram muito menos propensos a se recuperar sem a ajuda da técnica.

E por falar na técnica, ela se chama ultrassom focalizado de baixa intensidade, que usa estimulação sônica para estimular os neurônios no tálamo (estrutura localizada no diencéfalo, entre o córtex cerebral e o mesencéfalo, formada fundamentalmente por substância cinzenta). Acontece que, segundo os co-autores, depois de um coma, a função do tálamo se torna tipicamente enfraquecida.

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“Eu considero este novo resultado muito mais significativo porque esses pacientes crônicos eram muito menos propensos a se recuperar espontaneamente do que o paciente agudo que tratamos em 2016 — e qualquer recuperação normalmente ocorre lentamente ao longo de vários meses e, mais tipicamente, anos, não ao longo de dias e semanas, como mostramos. É muito improvável que nossas descobertas sejam simplesmente devido à recuperação espontânea", declarou Martin Monti, professor de psicologia e neurocirurgia da UCLA e co-autor sênior do novo artigo.

O co-autor revela que com novos casos, é muito improvável que suas descobertas se devam à recuperação espontânea. O artigo menciona as três pessoas que receberam o tratamento. O único que não se beneficiou foi um homem de 58 anos, que sofreu um acidente de carro cinco anos e meio antes e estava com a consciência mínima.

Um dos outros participantes era um homem de 56 anos que havia sofrido um derrame que resultou em um estado de consciência mínima, o que o deixou incapaz de se comunicar por mais de 14 meses. Após seus dois primeiros tratamentos, o homem foi capaz, pela primeira vez, de responder a dois comandos distintos e conseguiu segurar e soltar uma bolinha, além de olhar para fotos diferentes de parentes quando seus nomes fossem mencionados. O paciente ainda foi capaz de balançar a cabeça para indicar sim ou não diante de algumas perguntas.

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Nos dias que se seguiram a um segundo tratamento, o homem demonstrou pela primeira vez desde o derrame a capacidade de usar uma caneta no papel, levar uma garrafa à boca e se comunicar e responder a perguntas. Monti afirma que esses comportamentos são marcadores diagnósticos para o surgimento de um distúrbio de consciência.

O outro paciente era uma mulher de 50 anos que estava em um estado menos consciente por mais de dois anos e meio após a parada cardíaca. Poucos dias após o primeiro tratamento, ela conseguiu reconhecer um lápis, um pente e outros objetos. Ambos os pacientes também entendiam a fala.

“Notamos que ambos exibiram respostas significativas poucos dias após a intervenção. Isso é o que esperávamos, mas é impressionante ver com seus próprios olhos. Ver dois de nossos três pacientes que estavam em uma condição crônica melhorar muito significativamente dentro de alguns dias do tratamento é um resultado extremamente promissor", declarou o pesquisador ao portal da universidade, a UCLA Newsroom.

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Embora os cientistas estejam empolgados com os resultados, eles enfatizam que a técnica ainda é experimental e provavelmente não estará disponível ao público por pelo menos alguns anos. Por enquanto, há pouco que pode ser feito para ajudar os pacientes a se recuperarem de uma lesão cerebral grave que resulta em um estado vegetativo crônico ou um estado minimamente consciente. Vale ressaltar que a equipe está planejando estudos adicionais para aprender exatamente como o ultrassom talâmico modifica a função cerebral, e espera iniciar esses ensaios clínicos assim que os pesquisadores e pacientes estiverem seguros da COVID-19.

Fonte: UCLA Newsroom via Slash Gear