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Cientistas criam vacina personalizada com DNA do paciente para combater câncer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Abril de 2021 às 14h40

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Rawpixel
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No combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), as vacinas que adotaram material genético para desencadear imunidade contra a COVID-19 obtiveram grande sucesso e apresentam as maiores taxas de eficácia entre os imunizantes, como a fórmula da Pfizer/BioNTech ou da Moderna com mRNA (RNA mensageiro). Agora, pesquisadores querem adotar o DNA dos próprios tumores para auxiliar no tratamento do câncer de mama e de pâncreas.

Publicado na revista científica BioMed Central, um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos conduziram um estudo envolvendo o tratamento de camundongos com câncer de mama e um paciente (humano)  com câncer de pâncreas em estágio avançado. Para cada tumor, foi desenvolvida uma vacina personalizada de DNA que programa o sistema imunológico para atacar o respectivo tumor maligno.

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Vacina de DNA contra tumores

No caso do experimento envolvendo um humano, “pegamos uma pequena amostra de tecido de um tumor em um paciente do sexo masculino de 25 anos com câncer de pâncreas em estágio avançado e a usamos para desenvolver uma vacina personalizada com base nas informações genéticas exclusivas desse tumor”, explicou William Gillanders, professor na Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos EUA, e principal autor do estudo.

“Acreditamos que este seja o primeiro relato do uso de uma vacina de DNA neoantígeno em um ser humano, e nosso monitoramento confirma que a vacina foi bem-sucedida em induzir uma resposta imunológica direcionada a neoantígenos específicos no tumor do paciente”, comentou Gillanders sobre os resultados positivos, mesmo que preliminares.

No caso do jovem com câncer de pâncreas, a vacina de DNA não conseguiu reduzir os tumores, mas produziu uma resposta imune mensurável e que teve como alvo o tumor. Agora, os pesquisadores pensam que uma vacina de DNA personalizada, adotada em conjunto com outras imunoterapias, pode gerar uma resposta imune robusta e capaz de diminuir o câncer de mama em camundongos, como puderam observar.

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Por que as vacinas de DNA miram em neoantígenos?

Como pesquisado pelo grupo de norte-americanos, a plataforma de vacina de DNA tem como alvo os neoantígenos, ou seja, fragmentos de proteínas anormais que são criados conforme as células cancerosas sofrem mutação e crescem. Cada tumor gera mutações exclusivas e, por isso, cada vacina deve ser personalizada para cada tipo de câncer e suas particularidades.

No organismo, cada neoantígeno presente na vacina sinaliza os riscos desta partícula para o sistema imunológico e este, por sua vez, envia um exército de células imunológicas especializadas, as células T, para procurar e destruir o tumor. Por mais que a teoria seja simples, a realização é muito complexa, já que qualquer alteração pode tornar a fórmula inócua ou enfraquecida.

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Para que a vacina seja bem-sucedida, os neoantígenos devem ser apresentados às células em um formato preciso que maximize as chances de desencadear uma cascata complexa, passo a passo, de respostas imunes naturais. Qualquer passo em falso pode resultar em uma resposta imunológica enfraquecida ou mesmo falha, como minúsculas alterações no comprimento de um epítopo, ou seja, a parte do antígeno reconhecida pelo sistema imunológico.

“Embora a experiência clínica inicial seja promissora, há mais trabalho a fazer para refinar as vacinas e avaliar sua eficácia em modelos animais e ensaios clínicos. Mas este é um primeiro passo importante e nos aponta na direção certa”,  completa Gillanders sobre as perspectivas da tecnologia.

Para acessar o artigo sobre vacinas de DNA contra tumores no pâncreas e na mama, publicado na revista científica BioMed Central, clique aqui.

Fonte: Futurity