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Criadora da vacina da Pfizer/BioNTech contra COVID já tem próximo alvo: o câncer

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Março de 2021 às 08h30

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 Maksim Goncharenok/ Pexels
Maksim Goncharenok/ Pexels

Cientista por trás da primeira geração de vacinas contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) e co-fundadora da empresa alemã de biotecnologia BioNTech, Özlem Türeci já tem planos para quando a pandemia da COVID-19 acabar: novas soluções para o combate do câncer. Para isso, a pesquisadora investirá na mesma tecnologia adotada pelo imunizante da Pfzier/BioNTech, o RNA mensageiro (mRNA).

Antes da descoberta do coronavírus SARS-CoV-2, Türeci e seu companheiro Ugur Sahin — presidente-executivo da BioNTech — já investigavam uma maneira de controlar o sistema imunológico do corpo para combater tumores e melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos. No entanto, todas essas pesquisas foram paralisadas diante da emergência global da COVID-19.

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Para o combate do câncer, a cientista, nascida na Alemanha e filha de imigrantes turcos, pesquisava sobre o tema há duas décadas e desenvolvia o Lightspeed project. O projeto, que envolve mRNA, foi a base para a formulação da vacina da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19.

Vacina da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19

Após 11 intensos meses de pesquisas e testes, a vacina da Pfizer/BioNTech foi concluída em um tempo recorde na história dos imunizantes com uma taxa de eficácia de 95%. Em seguida, o Reino Unido autorizou o seu uso emergencial e, em poucas semanas, os Estados Unidos e mais uma série de países fizeram o mesmo. Hoje,  dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo já receberam pelo menos uma dose do imunizante contra a COVID-19.

“Vale a pena tomar decisões ousadas e confiar que, se você tiver uma equipe extraordinária, será capaz de resolver qualquer problema e obstáculo que surgir em tempo real”, explicou Türeci sobre a ideia de abondar temporariamente os estudos sobre o câncer e focar na COVID-19, durante entrevista para a Associated Press.

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Naquele momento, a BioNTech era uma pequena empresa sediada na cidade alemã de Mainz e que não tinha estrutura para conduzir testes clínicos de grande escala em diferentes regiões do globo e nem para gerir uma cadeia de produção que atendesse a demanda global por vacinas. Para isso, a BioNTech se juntou à farmacêutica norte-americana Pfizer e também recebeu aporte da chinesa Fosun Pharma. Sem a cooperação entre esses diferentes players, Türeci comentou que o imunizante não seria uma realidade.

“O processo de aprovação de um medicamento ou vacina é aquele em que muitas perguntas são feitas, muitos especialistas estão envolvidos e há revisão por pares externos de todos os dados e discurso científico”, afirmou sobre os desafios do desenvolvimento da primeira vacina contra a COVID-19 aprovada no ocidente. “Existe um processo muito rígido, e ele não para depois que a vacina é aprovada”, completou Türeci.

Tecnologia inédita do mRNA em vacinas

Até então uma tecnologia inédita no combate aos vírus, as vacinas fabricadas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna adotaram o mRNA como estratégia de promover a imunização contra a COVID-19. Na fórmula de ambos os imunizantes, um mRNA sintético —  desenvolvido em laboratório —  ensina a célula da pessoa a produzir proteínas, e com isso gera uma reação de anticorpos contra a espícula do coronavírus (a coroa).

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Após o processo de imunização, se a pessoa entrar em contato com o SARS-CoV-2, o seu organismo estará preparado com anticorpos e outras células do sistema de defesa para destruir essas espículas e, dessa forma, impedirá que a infecção da COVID-19 se instale. Em outras palavras, o mRNA leva uma espécie de receita para o organismo de como combater a infecção viral. Agora, este mesmo princípio deve ser aplicado para fazer o sistema imunológico combater os tumores.

Vacinas de mRNA contra o câncer

Com os novos aportes financeiros que a empresa de biotecnologia recebeu durante a pandemia da COVID-19, a corrida por soluções contra o câncer serão turbinadas agora. Quando perguntada sobre as expectativas dessas novas ferramentas oncológicas estarão disponíveis, Türeci explicou que “isso é muito difícil de prever. Mas esperamos que dentro de apenas alguns anos também tenhamos nossas vacinas contra o câncer em um lugar onde possamos oferecê-las às pessoas”. 

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Nesta sexta-feira (19), o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier concedeu á dupla por trás da BioNTech, Türeci e Sahin, uma das maiores condecorações do país, a Ordem do Mérito, durante uma cerimônia com a presença da chanceler Angela Merkel. “Vocês começaram com um medicamento para tratar o câncer em um único indivíduo”, afirmou Steinmeier. “E hoje temos uma vacina para toda a humanidade”, completou o presidente.

Fonte: ABC News