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Cientistas brasileiros investigam eficácia do própolis contra COVID-19; entenda

Por| 22 de Janeiro de 2021 às 16h00

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Pixabay/ Pexels
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Na ciência, o própolis já é conhecido por inúmeras qualidades, como suas propriedades anti-inflamatórias, imunorreguladoras e ainda antioxidantes. Com o surgimento do novo coronavírus (SARS-CoV-2), um grupo de pesquisadores brasileiros começou a investigar a possível eficácia desse produto produzido por abelhas na recuperação de pacientes internados em decorrência da COVID-19. 

Publicado na plataforma MedRxiv, o preprint — artigo sem revisão por pares —  concluiu que o uso de extrato de própolis pode auxiliar na redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com a COVID-19 que ingeriram própolis durante internação. Vale ressaltar que o estudo não comprova nenhuma terapia preventiva ou cura da COVID-19 através da medicação do própolis.

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Entre os pesquisadores envolvidos, estão membros do Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), do Hospital São Rafael, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e da empresa Apis Flora.

“Estamos falando de uma pesquisa exclusivamente brasileira que traz achados importantíssimos para o mundo inteiro, já que todos estão em busca de alternativas para frear a COVID-19”, afirma o principal autor do estudo, Marcelo Silveira, também pesquisador da Apis Flora e do Instituto D’Or.

Como foi feita a pesquisa

O estudo clínico que investigou a eficácia do extrato de própolis ocorreu entre junho e agosto de 2020, envolvendo 124 participantes internados, em decorrência da infecção por coronavírus, no Hospital São Rafael em Salvador, na Bahia. Os voluntários tinham o seguinte perfil: cerca de 50 anos; apresentavam comorbidades; tinham sintomas da COVID-19 há cerca de oito dias; e o grau de acometimento pulmonar estava em torno de 50%.

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Do total de voluntários no estudo, 40 pacientes receberam uma quantidade menor de própolis; 42 receberam uma quantidade maior de própolis; e 42 não contaram com essa suplementação. Em especial, a pesquisa adotou o EPP-AF, um extrato de própolis padronizado e patenteado pela companhia.

Resultados do estudo com própolis

“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, explica o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.

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Uma das possibilidades do uso do própolis para a melhor recuperação do paciente é que a substância interfira, de forma positiva, em uma proteína da superfície celular (TMPRSS2), a qual estava envolvida no processo de invasão do coronavírus. “Outro ponto importante de destaque na pesquisa é que as propriedades da própolis podem ajudar a reduzir os processos inflamatórios por inibição da PAK1, que está associada a uma maior necessidade de cuidados intensivos e com altas taxas de mortalidade”, afirma o professor David. 

Além disso, o grupo verificou que no pequeno grupo de voluntários a substância ajudou a diminuir a incidência de lesões renais, que pode ser um fator de risco para infectados pelo coronavírus. “Ainda sobre a questão renal, todos os pacientes que receberam as cápsulas de própolis não apresentaram necessidade de diálise, diferentemente dos outros que tiveram o tratamento padrão. Além disso, a pesquisa mostrou ainda uma tendência entre os pacientes que receberam extrato de própolis de precisar menos de intubação”, explica Silveira.

Mais estudos com própolis X COVID-19

Segundo os pesquisadores, agora, será necessária a realização de um ensaio clínico duplo cego com placebo (substância sem nenhum efeito prático contra o coronavírus), envolvendo um grupo maior de pacientes. Nesse caso, nem os médicos e nem os pacientes saberão de que forma estão sendo suplementados. 

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Para evitar que o voluntário perceba se ele é do grupo placebo ou não, já que o própolis tem um sabor e um cheiro muito característicos, o extrato será encapsulado na próxima etapa da pesquisa. Segundo a assessoria, será o mesmo extrato de própolis (EPP-AF), o que mudará é apenas o formato. No caso, serão adotadas cápsulas de própolis, com a mesma concentração.

“Também iremos fazer análises de outros parâmetros, incluindo os anticorpos contra o vírus desenvolvidos pelo paciente. Além disso, o conhecimento adquirido através desta pesquisa abre perspectiva do uso do EPP-AF [o extrato de própolis] em outras doenças com potencial inflamatório”, aponta David sobre a próxima etapa da pesquisa contra a COVID-19.

Para acessar o preprint, publicado na plataforma MedRxiv, clique aqui

Fonte: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto