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Cientista russo adia planos de editar bebês geneticamente

Por| 22 de Outubro de 2019 às 10h40

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Cientista russo adia planos de editar bebês geneticamente
Cientista russo adia planos de editar bebês geneticamente

Após polêmicas sobre o uso do método CRISPR em humanos e aparente aval de Vladimir Putin, o cientista russo Denis Rebrikov colocou panos quentes sobre afirmação de que já estaria trabalhando com modificação genética de bebês, que carregam o gene da surdez. Por enquanto, Rebrikov desenvolve pesquisas apenas com óvulos.

"Definitivamente, não transferirei um embrião editado sem a permissão do órgão regulador responsável", enfatizou Rebrikov em entrevista recente. O pesquisador aguarda a aprovação formal do Ministério da Saúde da Federação Russa para chegar às vias de implantar um embrião editado em humanos e desencadear, assim, uma gravidez de bebês geneticamente modificados.

E essa liberação pode não chegar tão cedo. Na semana passada, o ministério russo divulgou comunicado dizendo que a produção de bebês editados por genes é prematura. Atualmente, Rebrikov tem apenas permissão de um comitê local para continuar sua pesquisa.

Em seu laboratório, o biólogo russo trabalha com a edição de genes em óvulos doados por mulheres que podem ouvir. Dessa forma, procura aprender e buscar paralelos sobre como permitir que alguns casais surdos deem à luz filhos sem a mutação genética que prejudique a audição. Seu primeiro objetivo é entender como funcionam as mutações "fora do alvo".

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Além disso, Rebrikov planeja publicar os resultados de experimentos com óvulos, que também envolveram o teste da capacidade do CRISPR de reparar o gene ligado à surdez, chamado GJB2, em células retiradas de pessoas com essa mutação. Pessoas com duas cópias mutantes do GJB2 não conseguem ouvir bem sem intervenções, como aparelhos auditivos ou implantes cocleares. Rebrikov diz que esses resultados servirão de base para o trabalho clínico.

Alguns cientistas e especialistas em ética questionam os benefícios do procedimento envolvendo genes da surdez, porque a perda auditiva não é uma condição fatal. "O projeto é imprudentemente oportunista, claramente antiético e prejudica a credibilidade de uma tecnologia que visa ajudar, não prejudicar", afirma Jennifer Doudna, pioneira da ferramenta de edição de genes CRISPR e bióloga da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Após a revelação explosiva do geneticista chinês He Jiankui em novembro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) encarregou um comitê de desenvolver uma estrutura internacional para governar o uso clínico da edição de genes. Em agosto, esse comitê lançou um registro internacional de pesquisa clínica usando edição de genes em humanos para supervisionar essa prática.

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Uma comissão internacional criada pela Academia Nacional de Ciências dos EUA, Academia Nacional de Medicina dos EUA e Sociedade Real do Reino Unido também prepara uma estrutura internacional para orientar a pesquisa clínica na edição de genes da linha germinativa, que deve ser divulgada em 2020.

Fonte: Nature