Cientista questiona origem do coronavírus: "pode ter saído de laboratório"
Por Natalie Rosa • Editado por Luciana Zaramela |

Uma das maiores teorias da conspiração relacionadas à COVID-19 é a de que o coronavírus teria saído de um laboratório, ainda que estudos recentes realizados pela OMS (Organização Mundial de Saúde) tenham descartado essa possibilidade. Determinada a descobrir se isso realmente aconteceu, a engenheira genética Alina Chan, pós-doutoranda do Instituto Broad do MIT e de Harvard, nos Estados Unidos, começou a estudar o vírus na sua própria casa.
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A cientista começou investigando o passado, voltando para 2003, quando o SARS-CoV-1 se espalhou entre os humanos provocando síndrome respiratória aguda grave, buscando uma relação dele com o SARS-CoV-2, o coronavírus, que provoca a COVID-19. "Quando você compara o SARS-CoV-1 com o SARS-CoV-2, é surpreendente notório que há um período rápido de adaptação da mutação ao hospedeiro visível no SARS-CoV-1 e não no novo vírus", conta a especialista.
De forma mais clara, Chan explica que é possível acompanhar uma mudança rápida entre pacientes com o vírus de 2003, que apresentava dezenas de mutações acontecendo entre seus dois ou três primeiros meses de existência, todas funcionais. Já no coronavírus, a mudança é pouca, sendo então classificado como geneticamente estável.
Alina Chan conta que o CDC da China, ainda no ano passado, chegou a considerar que o mercado de Wuhan teria sido apenas uma vítima do coronavírus, e não o que originou o vírus, já que o local abriga o comércio de carne de animais selvagens. A informação chegou à cientista cerca de duas semanas após a publicação de seu estudo, em maio de 2020, que considerava essa possibilidade. No entanto, o CDC não chegou a fornecer respostas concretas sobre a origem do coronavírus.
A cientista conta que muitos jovens cientistas e equipes entraram em cavernas para coletar materiais de dezenas de milhares de morcegos, e que isso vem sendo feito não somente agora, com a pandemia do coronavírus, como ao longo da última década. E nessas missões, muitos acabam não se protegendo da melhor forma, deixando de vestir equipamentos de proteção adequados.
A maior dúvida de Chan é em como o SARS-CoV-2 teria saído das cavernas do sul da China para se espalhar na região central do país, onde fica Wuhan. "Essa linhagem de vírus pode ser encontrada somente a mil quilômetros ao sul. Wuhan não é um lugar em que você encontra milhões desses vírus habitando em morcegos", questiona. Mesmo com essa possibilidade, Chan deixa claro que ainda acredita que o surgimento do coronavírus através da vida selvagem seja plausível, mas afirma que precisa ser feita uma pesquisa mais profunda e sem influência política para chegar a uma resposta definitiva.
Fonte: Slate