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CAR-T Cell: Anvisa aprova terapia gênica para o tratamento de câncer

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Spectral/Envato
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta quarta-feira (23), o primeiro registro de um produto para terapia gênica com CAR-T Cell. De forma geral, o tratamento inovador consiste na reprogramação das células de defesa do próprio paciente contra as células cancerígenas.

Desenvolvido pela Novartis Biociências, o produto para o novo tratamento é o Kymriah (tisagenlecleucel). De acordo com a Anvisa, este será utilizado para "terapia avançada de câncer hematológico, que é originado nas células sanguíneas", como a leucemia.

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Para entender: o nome, em inglês, CART-T Cell significa que esta é uma terapia baseada em células T de receptores de antígenos quiméricos (CAR), as chamadas células CAR-T.

Como funciona o CAR-T Cell contra o câncer?

Para ilustrar a questão, o pesquisador Renier Brentjens, do Memorial Sloan Kettering, nos Estados Unidos, explica que medicar as pessoas com as células CAR-T é o equivalente a "dar aos pacientes uma droga viva". É também uma nova alternativa que se soma com outros tratamentos mais tradicionais, como a quimioterapia e a radioterapia.

"Trata-se de uma nova geração de imunoterapias personalizadas contra o câncer, que se baseiam na coleta e na modificação genética de células imunes dos próprios pacientes", explica a Anvisa, em comunicado.

Nesse tipo de tratamento, as células T — produzidas pelo sistema imune de um paciente — devem ser coletadas em um centro médico e, posteriormente, devem ser enviadas para um laboratório, onde serão geneticamente modificadas.

No processo, as células do sistema imune devem ganhar um novo gene, sendo que este contém uma proteína específica — um receptor de antígeno quimérico ou CAR. Isso possibilitará que elas consigam reconhecer o invasor, no caso as células cancerígenas, turbinando sua eficácia no organismo.

Após essa etapa, as células são cultivadas e, no futuro, irão compor o produto que será inoculado no paciente. Quando as células modificadas são devolvidas para o indivíduo, elas estarão preparadas para atacar as células do câncer que apresentem um antígeno específico (CD19) em sua superfície.

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"Se tudo correr conforme o planejado, as células modificadas se multiplicam ainda mais no corpo do paciente e, com a orientação de seu receptor modificado, reconhecem e matam as células cancerígenas que abrigam o antígeno em suas superfícies", resume o National Cancer Institute.

Quem pode usar a terapia aprovada pela Anvisa?

Para a Anvisa, o produto à base de células CAR-T atende uma necessidade que ainda não é contemplada por outros tratamentos disponíveis contra o câncer hoje e é voltado para casos graves. "É uma nova opção onde as alternativas são muito limitadas", detalha a agência.

No Brasil, poderão adotar a terpia pacientes que estão em tratamento contra os seguintes tipos de câncer:

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  • Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) de células B, refratária ou a partir da segunda recidiva: válido para crianças e adultos com até 25 anos;
  • Linfoma Difuso de Grandes Células B (LDGCB) recidivado ou refratário, após duas ou mais linhas de terapia sistêmica: válido apenas para adultos.

Onde o tratamento já foi aprovado?

Fora do país, outras agências de saúde já aprovaram a terapia gênica com CAR-T Cell. Estes são os casos da European Medicines Agency (EMA), na Europa, e da Pharmaceuticals and Medical Devices Agency (PMDA), no Japão.

Nos Estados Unidos, a terapia também foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA). No entanto, o destaque é que a provação ocorreu há mais de 5 anos, em agosto de 2017, para o tratamento de alguns tipos de câncer hematológico (no sangue).

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Atualmente, as pesquisas mais avançadas investigam a eficácia desse tipo de tratamento contra cânceres sólidos, como os de próstata, mama, colo de útero, pulmão e intestino, por exemplo. Em outras apalavras, todos aqueles tipos que não estão no sangue.

Fonte: Anvisa e National Cancer Institute