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Cada contaminado no BR transmitia a COVID-19 para outras 3 no começo da epidemia

Por| 31 de Julho de 2020 às 15h30

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Orna W/Pixabay
Orna W/Pixabay

Analisando as evidências da chegada da epidemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil, um grupo internacional de pesquisadores identificou que, entre os dias de 25 de fevereiro e 31 de maio, cada caso da COVID-19 no país infectou, em média, outras três pessoas - o que representa a taxa de transmissão inicial - com a doença respiratória. O valor exato foi de 3,1.

Publicado nesta sexta-feira (31) na revista científica Nature Human Behaviour, o estudo foi conduzido por uma coalizão de cientistas do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP, da Universidade de Oxford e do Imperial College de Londres.

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Taxa de transmissão elevada

De acordo com essa análise, o Brasil teve uma taxa de transmissão mais alta quando se compara a outros países, como a Itália, a França, o Reino Unido e a Espanha. Isso porque as estimativas de contágio nessas nações variam de 2,5 até 2,6. Nesses países, uma pessoa com a COVID-19 contaminava, em média, de duas a três pessoas.
 
No meio epidemiológico, esse índice de reprodução basal (ou básico) do vírus é conhecido como R0 e identifica quantas pessoas uma pessoa infectada deve contaminar, em média, com uma doença. Esse dado é muito importante, por exemplo, na definição de políticas públicas para o controle da COVID-19.

Afinal, as autoridades em saúde apontam que transmissão de uma infecção só é contida, quando esse número fica abaixo de 1. Ou seja, a pessoa doente não consegue contaminar, praticamente, mais ninguém. No entanto, os cientistas explicam que esses valores são uma média, baseada no número de pessoas testadas.

"Também observamos a rápida disseminação da COVID-19 pelo país, com municípios mais populosos e com melhor conexão sendo afetados mais cedo e municípios menos populosos sendo afetados em um estágio posterior da epidemia", pontuam os pesquisadores.

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Onde circula mais?

O estudo também aponta para associação entre renda e o número de diagnósticos da COVID-19. Isso porque, para a população com menor nível socieconômico, os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) de causa desconhecida foram maiores, do que nas populações com maior poder aquisitivo, nesse primeiro intervalo de tempo.

Vale entender que a SRAG é uma das principais consequências da infecção causada pelo novo coronavírus. "Conforme bases clínicas e epidemiológicas, é provável que muitos casos de SRAG com causa (etiologia) desconhecida sejam causados por SARS-CoV-2", especulam os pesquisadores, a partir dessa análise. Um fator que colabora para essa hipótese foi a falta de acesso igualitário aos testes como um fator para a "disseminação rápida e sustentada da epidemia no Brasil".

"Nossos dados descobrem um viés socioeconômico nos testes e diagnósticos nas diretrizes de vigilância atuais e sugerem que o número de casos confirmados relatados pode subestimar substancialmente o número de casos na população em geral, particularmente em regiões de menor nível socioeconômico", defendem.

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Entre fevereiro e maio, os pesquisadores detectaram a circulação de outros seis vírus respiratórios no país, além do coronavírus, em níveis muito baixos. "A co-circulação de outros patógenos respiratórios destaca a necessidade de aumentar a triagem laboratorial e molecular do SARS-CoV-2 e outros vírus respiratórios em laboratórios públicos em todo o Brasil", explica o grupo. Entre eles, os principais identificados foram os da Influenza A e B, que causam a gripe, e o rinovírus, responsável peço resfriado comum.

Até ontem (30), passados dois meses da pesquisa, o Conselho Nacional de Secretárias de Saúde (CONASS) notificava 2,6 milhões de casos da COVID-19 no Brasil, sendo mais de 91 mil óbitos. 

Fonte: G1