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Butantan desenvolve remédio para a dor crônica

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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ElenNika/Envato
ElenNika/Envato

Cientistas do Instituto Butantan e da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, trabalham no desenvolvimento de um novo remédio para o tratamento da dor crônica. No momento, eles já descobriram uma molécula (peptídeo) capaz de reduzir a dor neuropática em animais, mas os testes com humanos ainda não foram iniciados.

O estudo tem como base a mutação rara K710 que afeta o receptor TRPV, responsável por captar estímulos nocivos de calor e a sensação de ardência da pimenta. Quando ativado, é capaz de aumentar a resistência à dor. No caso da nova molécula, ela se conecta no mesmo lugar do receptor onde ocorre a mutação, desencadeando o efeito contra a dor.

Entenda o que é dor crônica

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Antes de seguir, vale explicar que a dor crônica é uma condição de difícil classificação e nem sempre é possível identificar a sua origem. Pacientes com essa condição podem relatar casos contínuos de dores, como aqueles que têm fibromialgia ou artrite, ou terem episódios de dor intensa, às vezes sem causa conhecida. Dependendo do nível, a pessoa pode ser impedida de trabalhar ou mesmo de praticar atividades comuns, como andar.

Hoje, a maioria dos tratamentos disponíveis para pacientes com dor crônica consiste no uso de opioides, como a morfina. Só que essas substâncias podem estimular o vício — os EUA já enfrentam uma crise de saúde pública por opioides. Outro problema é que alguns indivíduos não respondem bem ao tratamento, continuando com as dores.

Remédio para dor crônica em desenvolvimento

No atual estudo do Butantan, publicado na revista científica Journal of Clinical Investigation, os autores descrevem a descoberta da mutação genética que confere resistência à dor. “A partir disso, desenvolvemos animais com essa alteração genética e testamos em diferentes modelos de dor”, explica Vanessa Zambelli, pesquisadora do Laboratório de Dor e Sinalização, vinculado ao Centro de Desenvolvimento e Inovação (CDI), em nota.

“Nós vimos que os camundongos modificados foram mais resistentes à dor, tanto à induzida pela capsaicina como à dor induzida em um modelo de neuropatia — equivalente a uma lesão no nervo”, acrescenta Zambelli.

Em seguida, os cientistas desenharam um peptídeo que se liga diretamente no local onde ocorre a mutação. Nos testes iniciais com roedores, a molécula foi tão eficaz quanto a mutação na redução da dor. Este é um possível caminho para o alívio da dor crônica, mas inúmeros testes ainda são necessários até a equipe chegar no remédio ideal.

Fonte: Instituto Butantan, Johns Hopkins Medicine e Journal of Clinical Investigation