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Fentanil | Médica explica riscos do uso da substância como droga

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Rthanuthattaphong/Envato Elements
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Nos Estados Unidos, o uso de opioides sintéticos, como o fentanil, são a principal causa de mortes por overdoses. Para dimensionar, no ano passado, as autoridades do país apreenderam 4,5 mil quilos de fentanil ilegal. Em fevereiro, a primeira apreensão do tipo foi registrada no Brasil, no estado do Espírito Santo.

Apesar da história começar a ganhar destaque no Brasil só agora, basta perguntar para um médico ou enfermeiro, em particular, sobre casos de profissionais de saúde que “usam” fentanil ou outros tipos de analgésicos. Sim, os números são baixos — realmente baixos quando se compara o tamanho da população brasileira — e este é um assunto tabu, mas o problema já existe em algum nível.

Agora, o potencial risco é que o uso se dissemine, como ocorre nos EUA e no Canadá, onde a questão é um problema estatisticamente enorme para a saúde pública. Inclusive, o reflexo da falha no combate ao uso da droga pode ser observado nas ruas.

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Quais são os riscos do fentanil para a saúde?

Antes é preciso diferenciar o remédio da droga. Isso porque, em hospitais e ambientes controlados, o medicamento é usado para anestesiar pacientes. Também pode ser aplicado no tratamento de fortes quadros de dores, como pessoas com câncer avançado e até mesmo alguém que sofreu um acidente e precisa de alívio imediato. Este uso é 100% regulado.

A questão é que “o fentanil é um opioide [classe de substâncias que causa efeitos analgésicos e sedativos] extremamente potente”, explica Leana Wen, médica e professora da Universidade George Washington, para a CNN. O composto é considerado 50 a 100 vezes mais potente que a morfina, o mais comum opioide.

Por causa desses efeitos, parte do uso como droga consiste na busca de uma experiência “relaxante” ou mesmo recreativa da substância. No entanto, “a maioria das overdoses de opioides não se deve ao fato de o fentanil ser desviado de um propósito médico legítimo”, afirma Wen.

Quando se pensa nas overdoses dos EUA, o risco maior está associado com os laboratórios clandestinos e ilegais que sintetizam a droga. Neste contexto, traficantes podem vendar a droga pura ou ainda misturar o fentanil na composição de outras fórmulas, como heroína, cocaína, MDMA (ecstasy), provocando efeitos ainda mais perigosos caso fossem consumidos separados.

Além disso, devido ao baixo preço da produção ilegal, “algumas pessoas podem pensar que estão tomando um opioide menos potente [vindo de laboratórios ilegais], como a oxicodona, mas, na verdade, estão tomando fentanil”, ilustra a médica. O mercado de medicamentos falsificados também oferece um grande risco.

Como o fentanil pode matar uma pessoa?

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“Como o fentanil é um opioide muito poderoso, tomar mesmo uma pequena quantidade pode ser mortal”, explica Wen. É que o efeito da sedação pode fazer com que a pessoa perca a consciência e sofra uma parada respiratória. “Em poucos minutos, você pode morrer porque não está respirando e seus órgãos estão privados de oxigênio”, acrescenta.

Quando alguém identifica um caso de uso abusivo de fentanil, a primeira coisa que se deve fazer é acionar o serviço de emergência. Dependendo do momento, o uso de naloxona (antídoto) reverte os efeitos da droga, podendo salvar vidas. Inclusive, pode ser encontrado na forma de spray nasal.

Como a epidemia dos opioides já dura cerca de 20 anos nos EUA, a saúde pública está melhor preparada. Por exemplo, em Nova York, é possível encontrar comunicações do governo alertando da importância da naloxona e o medicamento pode ser facilmente adquirido. Bem diferente, no Brasil, o antídoto está restrito aos hospitais — algo que pode mudar caso o cenário se transforme.

Fonte: CNN