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Brasileiros usam vagalumes para criar teste que brilha caso identifique COVID-19

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Flash Dantz/Pexels
Flash Dantz/Pexels

Para diagnosticar a COVID-19, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveu uma nova — e curiosa — técnica para encontrar anticorpos do coronavírus SARS-CoV-2. Em desenvolvimento, o teste mescla uma enzima bioluminescente, encontrada em vagalumes, com uma proteína que se liga ao agente infeccioso.

“Este estudo é um exemplo de como uma pequena espécie de vagalume [Amydetes vivianii] pode proporcionar tantos benefícios à sociedade. Um exemplo de como a biodiversidade de nossas florestas e a ciência, ambas tão severamente ameaçadas, podem, juntas, trazer soluções inovadoras e agregar valor econômico e social a um país em desenvolvimento, como o Brasil”, explicou o professor da UFSCar e principal autor da pesquisa, Vadim Viviani.

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Como funciona o teste da COVID-19?

No teste em desenvolvimento da COVID-19, a enzima (dos vagalumes) usada pertence à classe das luciferases, ou seja, aquelas enzimas que podem catalisar reações biológicas e transformar a energia química em luminosa. Genericamente, esse fenômeno recebe o nome de bioluminescência. No inseto, é esta enzima que o permite brilhar durante a noite.

Na pesquisa, a espécie Amydetes vivianii é encontrada no próprio campus de Sorocaba da UFSCar e recebeu o nome em homenagem ao professor Viviani. Isso porque foi ele quem descobriu a espécie e clonou em bactérias o DNA que codifica a luciferase deste tipo de vagalume.

“Pegamos nossa luciferase mais brilhante e a acoplamos, por engenharia genética, a uma proteína capaz de se ligar aos anticorpos. Se os anticorpos contra SARS-CoV-2 estiverem presentes na amostra, a ligação ocorrerá e isso poderá ser detectado por meio da emissão de luz”, explicou o pesquisador Viviani para a Agência FAPESP.

Próxima etapa do estudo com vagalumes

Os pesquisadores já deram entrada no pedido de patente para o novo sistema bioluminescente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Agora, eles buscam calcular a quantidade de anticorpos presentes na saliva ou esfregaço nasal (swab) suficiente para desencadear a bioluminescência, de modo que o novo biossensor possa ser utilizado em testagem rápida e não invasiva para a COVID-19.

“Para levar adiante essa segunda fase da pesquisa, já estamos em tratativas com o pesquisador Heidge Fukumasu, da USP. Outra perspectiva será o emprego de nanotecnologia para desenvolvimento de imunoensaios em colaboração com o grupo de pesquisa da professora Iseli Nantes, da Universidade Federal do ABC [UFABC]”, conta Viviani.

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O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Bioquímica e Tecnologias Bioluminescentes da UFSCar e contou com a colaboração de Paulo Lee Ho, do Instituto Butantan. Até o momento, o estudo científico da descoberta não foi publicado.

Fonte: Agência Fapesp