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Brasil tem mais enfermeiros mortos por COVID que Espanha e Itália juntas

Por| 08 de Maio de 2020 às 15h49

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Brasil tem mais enfermeiros mortos por COVID que Espanha e Itália juntas
Brasil tem mais enfermeiros mortos por COVID que Espanha e Itália juntas

Em plena pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), o mundo está tendo que lidar com as inúmeras perdas humanas causadas pela COVID-19. Já são mais de 265 mil mortes em decorrência da infecção respiratória, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins. No Brasil, os óbitos já passam dos nove mil. Nesse cenário, os profissionais da Saúde — considerados como super-heróis desses estranhos tempos — sofrem ainda mais. Afinal, são eles que estão que na linha de frente do combate e, infelizmente, há também óbitos entre eles por conta da doença.

Nos hospitais brasileiros, a taxa de mortes desses profissionais, principalmente, dos enfermeiros (no masculino por causa do plural, mas quase 85% desses trabalhadores são do sexo feminino) é bastante alta. A letalidade da doença chega a 2,8%. De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), até hoje (7), foram identificadas 80 mortes de enfermeiros em decorrência da COVID-19 no país. 

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Em análise desses números, a maior parte dos óbitos não estava associada à idade avançada, já que 69 deles tinha menos de 60 anos, sendo a mais jovem com 29 anos. Há ainda 14 mortes em investigação. Além disso, os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro lideram os óbitos no setor, com 27 casos fatais cada. 

Para manter a transparência nesses números, o Cofen alimenta uma plataforma que monitora as mortes na área de enfermagem, relacionadas à COVID-19, em todo o Brasil, com o auxílio dos Conselhos Regionais. Para conferir, clique aqui. A ferramenta já contabiliza 2,9 mil casos reportados da COVID-19 entre enfermeiros no Brasil

E no mundo?

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Em comparação com os dados brasileiros, os Estados Unidos, que são o país com maior número de casos e de vítimas fatais da pandemia, perdeu 46 profissionais de enfermagem, segundo entidades de classe.

Na Europa, a Itália (que é a segunda nação mais afetada, com mais de 29.000 óbitos), 35 deles foram entre os profissionais de enfermagem, segundo os dados da Federazione Nazionale degli Ordini delle Professioni Infermieristiche. Já a Espanha, que soma mais de 25.000 mortos, teve apenas quatro óbitos entre esses profissionais da saúde, de acordo com o Consejo General de Enfermería.

Esses dois países enfrentam a COVID-19 desde antes da sua chegada no Brasil, no final de fevereiro. Além disso, autoridades de saúde acreditam que as duas nações já passaram pelo pico de casos do novo coronavírus.

Quanto à China, foram relatadas 23 mortes entre enfermeiros, até o final de abril. Somando todos os casos já citados, é inegável que o Brasil não corresponda com a maior parte dos óbitos globais entre esses profissionais.

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Problemas

“Um dos fatores [para a alta mortalidade] é que boa parte dos serviços de Saúde não afastou profissionais com idade avançada, acima de 60 anos, e com comorbidades. Eles continuam atuando na linha de frente da pandemia quando deveriam estar em serviços de retaguarda ou afastados”, afirma Manoel Neri, presidente do Cofen, para o jornal El País. 

Dessa forma, o ideal seria que profissionais de enfermagem do sistema público e também do privado, que façam parte de grupo de risco, seja por idade ou por doença, fossem realocados para funções que não envolvam contato com pacientes de qualquer síndrome gripal, neste período. Mais tarde, essa decisão foi tomada pelo judiciário para os profissionais públicos.

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Outro grave problema na rotina dos profissionais da enfermagem é a falta de EPIs (equipamentos de proteção individual). “Não apenas escassez quantitativa desses produtos, mas também a qualidade do material é questionável. Outra questão é o treinamento das equipes para usá-los: muitos profissionais se contaminam ou pelo uso inadequado do EPI, ou então na hora da desparamentação [retirada da máscara, luvas e avental]”, diz Neri.

Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), mais de 2.500 denúncias foram feitas sobre falta dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) em estabelecimentos de saúde. Como máscaras descartáveis ou ainda capotes impermeáveis, os EPIs são fundamentais para evitar a contaminação pela COVID-19 daqueles que estão tratando os doentes.

Fonte: CofenEl País