Biossensor detecta câncer no cérebro com menos de uma gota de sangue
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Quando uma questão de saúde envolve a suspeita de câncer, médicos e especialistas destacam a importância do diagnóstico precoce, o que pode salvar vidas. No entanto, nem sempre é possível, especialmente em casos de tumor no cérebro. Na região, a equipe médica também costuma ter dificuldades em localizar a posição exata das células tumorais. Para solucionar o problema, cientistas canadenses desenvolveram um novo biossensor que usa menos de uma gota de sangue do paciente para o diagnóstico preciso.
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Publicado na revista científica ACS Nano, o estudo sobre o biossensor que detecta o câncer no cérebro é liderado por pesquisadores da Toronto Metropolitan University, no Canadá. Apesar dos resultados positivos, a técnica de diagnóstico não invasivo para tumores ainda está em fase de validação e não pode ser adotada em larga escala.
Segundo os pesquisadores, o melhor tratamento para o câncer do cérebro é feito a partir de duas informações, que teoricamente podem ser obtidas através do biossensor:
- A região exata em que o tumor está localizado no cérebro do paciente;
- É preciso entender se o tumor se originou no cérebro mesmo (tumor primário) ou se "mudou" para a região (tumor secundário), vindo de outros órgãos.
O que temos hoje para o disgnóstico de câncer no cérebro?
Para a medicina atual, o diagnóstico de tumores no cérebro é um grande desafio. Isso porque a maioria das alternativas é bastante invasiva, como as biópsias, onde uma região do cérebro é removida para análise. Mesmo nessas condições, há risco da equipe médica perder informações importantes sobre a composição de um tumor.
Outra opção não invasiva seria o uso de exames de imagem. No entanto, os pesquisadores explicam que as tecnologias disponíveis não oferecem sensibilidade e resolução suficientes para o diagnóstico preciso.
Como funciona o biossensor?
A equipe de cientistas explica que o biossensor ultrassensível consegue detectar quantidades mínimas de materiais derivados de tumores, como ácidos nucleicos, proteínas e lipídios. Vale explicar que, para chegar até o sangue, estas substâncias precisam obrigatoriamente passar pela barreira hematoencefálica.
Através da plataforma de biópsia líquida — que também começa a ser usada em estudos contra Alzheimer —, os pesquisadores detectaram a presença do câncer no cérebro a partir de apenas cinco microlitros de soro de sangue, ou seja, menos de uma gota.
Na primeira rodada de testes, foi possível distinguir o câncer de cérebro de outros tipos de tumores, como câncer de mama, pulmão e colorretal. Em seguida, o biossensor também identificou quais tumores eram primários e secundários. Por fim, a análise conseguiu determinar em qual dos nove compartimentos cerebrais o tumor residia, com 96% de precisão.
Até o momento, todos os testes foram realizados em laboratório, com amostras controladas. A próxima etapa da pesquisa envolve testar a eficácia do exame na prática. No futuro, a tecnologia pode representar um grande avanço no tratamento de tumores cerebrais.