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Bactérias podem ser "adestradas" para identificar câncer

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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CDC/Unsplash
CDC/Unsplash

Futuramente, bactérias podem ser "adestradas" para identificar o câncer. A afirmação vem de um estudo publicado na revista Science na última quinta-feira (10). Na ocasião, os pesquisadores mostraram como, com algumas instruções, uma espécie de bactéria pode expor o câncer de intestino à medida que se forma em modelos celulares da doença.

Conforme o estudo relembra, o trato gastrointestinal é repleto de bactérias, e os cientistas têm tentado aproveitar as habilidades naturais de cepas específicas para fazê-las funcionar como sensores probióticos. No novo estudo, a equipe projetou bactérias para detectar fragmentos de DNA liberados de células de câncer colorretal cultivadas em laboratório e camundongos com tumores colorretais.

O experimento foi pautado em torno da espécie Acinetobacter baylyi, conhecida por sua capacidade de coletar DNA de seu ambiente. Normalmente, essa habilidade é utilizada para incorporar pedaços de DNA em seu próprio genoma que podem fornecer novas receitas genéticas para proteínas.

No entanto, os pesquisadores forneceram instruções para que, em vez disso, a bactéria procurasse sequências portadoras de mutações específicas comumente encontradas em cânceres colorretais.

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Bactéria adestrada para detectar câncer

Através dessa técnica, os pesquisadores descobriram que a bactéria em questão poderia discriminar a diferença de base única entre mutações causadoras de câncer e erros genéticos inofensivos no DNA.

No entanto, é um método ainda distante de se tornar real: antes de seu uso potencial em humanos, os pesquisadores precisariam mostrar que a bactéria A. baylyi pode ser administrada com segurança por via oral e pode detectar com segurança células cancerígenas em amostras de fezes.

Os pesquisadores também precisariam investigar como o biossensor A. baylyi se compara a outros métodos mais invasivos para detectar lesões cancerígenas, como a colonoscopia.

Bactérias na luta contra o câncer

Não é a primeira vez que micróbios se mostram como possíveis aliados na luta contra o câncer. Para se ter uma noção, em 2022, cientistas conseguiram controlar bactérias geneticamente modificadas para destruir células cancerígenas no organismo.

Basicamente, a bactéria Escherichia coli pode se infiltrar em tumores cancerígenos quando injetada na corrente sanguínea de um paciente, e assim produzir proteínas terapêuticas, chamadas de nanocorpos. A presença desses nanocorpos permite que o sistema imunológico ataque o tumor.

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Nesse mesmo ano, cientistas usaram bactérias magnéticas para combater tumores no organismo. O grupo conseguiu mostrar, na ocasião, que impulsionar as bactérias usando um campo magnético rotativo é eficaz porque elas ficam em constantemente em movimento, viajando ao longo da parede vascular, o que aumenta as chances de encontrar as lacunas que se abrem brevemente entre as células da parede do vaso.

Fonte: ScienceNature CommunicationsScience Robotics