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Bactérias do intestino podem ter relação com autismo, sugere estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Agosto de 2022 às 12h20

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NIAID/CDC
NIAID/CDC

As causas do Transtorno do Espectro Autista (TEA) — popularmente conhecido como autismo — ainda são um mistério para a ciência. No momento, se entende que condição pode ser provocada pela interação de genes específicos com fatores ambientais. Agora, uma equipe de cientistas italianos verifica o impacto das bactérias, presentes no intestino, nesta equação.

Em testes com roedores, os pesquisadores descobriram que a composição biológica do intestino e as bactérias encontradas podem contribuir para alguns dos sintomas mais característicos do autismo. Isso porque elas impactariam o funcionamento do sistema nervoso central. Anteriormente, a ideia já foi defendida por outros pesquisadores.

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Publicado na revista científica Neuroscience, o recente estudo sobre o impacto da microbiota no autismo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Calábria, na Itália. "No geral, os achados do presente estudo corroboram um papel fundamental da microbiota intestinal no TEA", afirma os autores da pesquisa.

Entendendo o autismo

Antes de seguirmos, vale explicar que o autismo é uma condição neurológica e de desenvolvimento que afeta a forma como os humanos se comunicam, aprendem coisas novas e se comportam. Segundo os autores do estudo, a condição é marcada por dificuldades de interação social, comportamentos repetitivos e falta de controle emocional.

Estudo sobre o impacto das bactérias no autismo

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No estudo, a equipe de pesquisadores coletou amostras da microbiota fecal de doadores autistas. Em outras palavras, foram coletadas fazes de pacientes no espectro, incluindo as bactérias que são mais comuns nesses intestinos.

Para investigar os efeitos dos agentes infecciosos no autismo, roedores passaram por um processo de Transplante de Microbiota Fecal (TMF) e tiveram seus intestinos colonizados pelas bactérias presentes nos autistas (doadores).

Segundo os autores, as cobaias desenvolveram comportamentos que poderiam ser classificados como do tipo autista. Isso quando se compara com os roedores do grupo controle, que não passaram pela intervenção.

"Tais variações pareciam estar fortemente associadas ao aumento das populações de Tenericutes, além de uma redução notável de Actinobacteria e Candidatus S. na região gastrointestinal de camundongos TMF em comparação com os controles", afirmam os autores sobre as mudanças na microbiota.

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Mudança na dieta pode curar condição?

Apesar da descoberta, ela não justifica, por si só, a adoção de dietas ou de suplementos alimentares para reverter ou atenuar um quadro de autismo. Inclusive, os pesquisadores defendem cautela em relação a essas descobertas.

"Mais investigações são necessárias antes que qualquer possível manipulação de bactérias intestinais com dietas ou probióticos apropriados possa ser realizada em indivíduos com TEA", completam os cientistas.

Fonte: Neuroscience