Aumento de casos na Amazônia mostra que coronavírus é resistente ao calor
Por Nathan Vieira | 13 de Maio de 2020 às 13h45
A princípio, julgava-se que a COVID-19 poderia perder força ao chegar a regiões mais quentes do mundo. No entanto, essa ideia passa a ser refutada a partir do momento em que regiões que costumam registrar altas temperaturas também têm tido aumento de incidências em meio à pandemia. É o caso, por exemplo, de Amazonas e Amapá. Acontece que essas regiões estão inclusive liderando os rankings proporcionais de mortes e casos no país, de acordo com informações divulgadas no último sábado (9) pelo Ministério da Saúde.
Segundo um levantamento do portal UOL a partir dessas informações, é possível observar que a região de Rio Negro e Solimões, no Amazonas, é a que apresenta o maior coeficiente de mortalidade no país, com índice de 251,7 por 1 milhão de habitantes. Em entrevista ao veículo em questão, o pesquisador de virologia e biologia molecular da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia, Felipe Naveca, o calor pode até reduzir, mas não é suficiente para parar a pandemia.
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O pesquisador aponta, basicamente, que o frio gera uma tendência de aumento da transmissão de um vírus respiratório porque as pessoas ficam mais tempo em lugares fechados, ficam mais aglomeradas, e na Amazônia nunca faz frio, tem só uma época mais úmida, no começo do ano, mas já no segundo semestre, tem um tempo mais seco, algo que só mostra que a temperatura alta simplesmente não adiantou.
Mas Luiz Góes, pesquisador do departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas e da Plataforma Científica Pasteur da USP (Universidade de São Paulo), não se surpreendeu com o avanço do novo coronavírus sob o calor da Amazônia. Ele abordou, em sua tese de Doutorado, os tipos de coronavírus que já circulavam em espécies humanas, analisando a presença dos quatro coronavírus endêmicos em uma amostragem de crianças com infecção respiratória aguda, durante 14 anos e verificando anos em que os vírus apresentaram surtos no período do verão. De acordo com ele, os vírus da mesma família já tinham se adaptado e proliferado em áreas bem mais quentes do que a Amazônia.
Fonte: UOL