Atividade dos neurônios pode aumentar risco de diabetes
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Nos Estados Unidos, cientistas da Universidade de Washington descobriram quais neurônios estão diretamente relacionados com a regulação das quantidades de açúcar no sangue. Quando estas células específicas do cérebro estão trabalhando de forma disfuncional e não emitem impulsos para que o corpo — mais especificamente, o pâncreas — produza insulina, o risco do paciente desenvolver diabetes é significativamente maior.
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Publicado na revista científica Diabetes, este é um dos primeiros estudos a investigar como a função dos neurônios do cérebro pode se relacionar com a probabilidade de um indivíduo ter diabetes. No futuro, a melhor compreensão desses neurocircuitos permitirá a descoberta de novos medicamentos e tratamentos que regulam o controle da glicemia (quantidade de açúcar em circulação no sangue) a partir do próprio cérebro. Neste momento, as injeções de insulina para diabéticos podem deixar de ser fundamentais.
Onde estão os neurônios que detectam o açúcar no sangue?
"Sabemos há muito tempo que muitos neurônios podem detectar açúcar localmente dentro do cérebro", afirma Michael Schwartz, endocrinologista da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em comunicado.
"O que é novo, no entanto, é a evidência de que um subconjunto de neurônios localizados no hipotálamo pode sentir e responder ao açúcar na própria corrente sanguínea, de forma análoga às células do pâncreas que secretam insulina", acrescenta sobre o mecanismo relacionado com o risco de diabetes.
Para comprovar a hipótese, os cientistas realizaram experimentos com roedores, que tiveram os níveis de açúcar no sangue e a atividade dos neurônios no hipotálamo acompanhados em tempo real. Como esperado, o aumento da glicemia impactava a ação desse conjunto de neurônios.
Atividade dos neurônios e o diabetes
A partir dos resultados obtidos, os pesquisadores acreditam que é a atividade desses neurônios específicos que determinam qual é a quantidade “normal” de açúcar no corpo de um organismo, independente do quão alta ou baixa essa taxa seja dentro da medicina moderna.
"Por exemplo, se um nível normal de açúcar no sangue for 100, um paciente com diabetes pode muito bem ter um nível de açúcar no sangue acima de 300", comenta Schwartz. "Se estiver nesse nível elevado por dias ou semanas e, de repente, você diminuir para 100, o cérebro pensará que está muito baixo e tentará aumentar o nível de açúcar no sangue novamente", explica sobre o complexo mecanismo, que opera em regras próprias.
Se os neurônios julgam errado o que é uma quantidade baixa de glicose no sangue, e se impedem a liberação de insulina quando necessária, essa atividade disfuncional pode explicar, em partes, alguns casos de diabetes. Reverter esse conhecimento “errado” do cérebro deve ser o objetivo dos próximos estudos do grupo.
Em paralelo, vale lembrar que outras mudanças no estilo de vida podem ser eficazes para reduzir o nível de açúcar do sangue e diminuir a probabilidade do paciente desenvolver um quadro de diabetes tipo 2. Entre elas, estão a prática regular de atividades físicas, boa alimentação e evitar o excesso de álcool.
Fonte: Diabetes e Universidade de Washington