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Alteração no córtex cerebral é indicador para depressão

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Julho de 2023 às 18h53

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Twenty20photos/Envato Elements
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Pesquisadores da Universidade da Coreia descobriram uma nova forma para diagnosticar casos de transtorno depressivo maior (TDM), condição conhecida popularmente como depressão. Segundo os autores, pessoas com a doença psiquiátrica têm alterações específicas no cérebro, que podem ser rastreadas a partir de exames de imagem. Hoje, a maioria dos diagnósticos é clínica, feita dentro do consultório, sem testes específicos.

Para além da dificuldade do diagnóstico e dos tabus que ainda permeiam a condição, a depressão é um quadro comum em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,8% da população global convive com TDM, incluindo 5% dos adultos e 5,7% das pessoas com mais de 60 anos. Em números, são mais de 280 milhões de indivíduos espalhados pelo globo.

Marcador para o diagnóstico da depressão

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Apesar do desafio, a ciência está mais próxima de um diagnóstico simples e acessível para a depressão, segundo os pesquisadores da Coreia do Sul. Isso porque os indivíduos com a condição têm, em média, a superfície do córtex cerebral — a camada mais externa do cérebro — mais lisa que o normal, sendo este um possível identificador.

Independente da condição, o córtex é marcado por dobras em padrões distintos, conhecidos como giros. São “rugas” e “sulcos” formados pelo processo de girificação, iniciado durante a gestação e que perdura após o nascimento. Em pessoas depressivas, a superfície tende a ser mais lisa em regiões específicas.

Para avaliar o quão liso é o córtex, os pesquisadores sul-coreanos usaram o Índice de Girificação Local (LGI) para estabelecer a probabilidade de depressão, conforme descrito em artigo publicado na revista científica Psychological Medicine. É uma nova proposta que, no futuro, poderá ser usada na triagem de pessoas com depressão (ou não).

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Mudanças no cérebro de pacientes com depressão

Para chegar a esta possível forma de diagnóstico da depressão, os pesquisadores analisaram cerca de 400 varreduras cerebrais de pacientes com a depressão diagnosticada clinicamente e as comparam com os exames de pessoas saudáveis. No total, foram verificadas 66 regiões do córtex com o índice LGI, sendo que mais de seis regiões corticais têm alterações significativas.

"As regiões corticais que avaliamos em nosso estudo mostraram anteriormente afetar a regulação emocional", afirma Kyu-Man Han, professor associado de psiquiatria na KU e um dos autores do estudo, em nota. "Isso significa que padrões anormais de dobramento cortical podem estar associados à disfunção de circuitos neurais envolvidos na regulação emocional, contribuindo assim para a fisiopatologia da depressão", acrescenta.

Segundo os autores, entre as regiões mais afetadas pela depressão no cérebro, estão:

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  • Córtex pré-frontal;
  • Córtex cingulado anterior;
  • Córtex insular;
  • Lobo parietal;
  • Lobo temporal;
  • Parte triangular (pars triangularis) do córtex.

Novos exames e tratamentos para a depressão

As descobertas do novo estudo possibilitam novas frentes de pesquisa no campo da depressão. Em um primeiro momento, se as alterações no córtex forem validadas em grupos maiores de indivíduos e em diferentes populações, esta pode se tornar uma nova ferramenta de diagnóstico.

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Em paralelo, “nossas descobertas podem fornecer uma base para a seleção de alvos para futuros tratamentos de neuromodulação [terapias que ajustam a atividade do cérebro]”, afirma o professor Ham.

Em outra frente de pesquisa, cientistas chineses testam um algoritmo de aprendizado profundo que promete detectar a depressão a partir da fala de um indivíduo. Neste caso, a nova forma de diagnóstico também está em etapa de desenvolvimento.

Fonte: Psychological MedicineUniversidade da Coreia e OMS