Ajustar nosso relógio biológico diminui risco de câncer
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
O ritmo circadiano (também chamado de relógio biológico), é o ciclo corporal de 24 horas, ditado pelo relógio interno do corpo. Na prática, afeta quando sentimos sono, quando acordamos e quando queremos comer, e de acordo com um estudo publicado na revista Trends in Cell Biology, também exerce influência sobre o risco de desenvolvermos câncer.
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No estudo, métodos genéticos e não genéticos de interromper o ritmo circadiano em camundongos demonstraram uma ligação entre o relógio circadiano e o início ou progressão de tumores. Para se ter uma noção, a deleção genética (ou seja, a perda de um segmento de DNA) dos genes Per2 ou Bmal1 acelerou o câncer de pulmão.
O estudo mostrou que ritmos circadianos perturbados aceleraram consideravelmente o início e a progressão do tumor entre camundongos, em casos de carcinoma hepatocelular e câncer de mama.
Além disso, novas pesquisas na área sugerem que a interrupção circadiana impulsiona a progressão do câncer de cólon, interferindo na forma como certos genes são expressos.
De acordo com as teorias estabelecidas pela comunidade científica, a conexão entre o relógio biológico com o câncer ocorre por meio de vários mecanismos. A interrupção circadiana afeta as vias metabólicas, as reações químicas que produzem energia no corpo.
O ritmo circadiano também interfere na função imunológica e compromete a fidelidade do reparo do DNA nas células. Células humanas adultas se dividem a cada 18 a 24 horas, e uma função do relógio é dizer às células para fazer isso à noite para evitar danos ao DNA causados pela luz solar.
Assim, os especialistas dizem que, quando o relógio é interrompido, as células não sabem quando se dividir. Elas podem se dividir mais rapidamente, gerando mutações e resultando num tumor.
Impactos do relógio biológico no metabolismo
Recentemente, uma pesquisa sugeriu que mulheres possuem relógio biológico mais resistente que o dos homens. Na ocasião, a equipe analisou dados de mais de 92 mil pessoas com histórico de trabalho fora do horário convencional e também conduziu experimentos em camundongos. Os machos tiveram pressão arterial mais alta e mudanças no microbioma intestinal e no metabolismo hepático.
Os cientistas também descobriram que os ratos machos ganharam mais peso do que as fêmeas, após essas alterações no relógio biológico.
Fonte: Trends in Cell Biology, News Medical, Scientific American