Agressividade paterna pode "bagunçar genes" e gerar depressão nos filhos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Segundo um novo estudo apresentado no Congresso do Colégio Europeu de Neuropsicofarmacologia (ECNP), em Viena, a agressividade paterna pode influenciar os genes e gerar depressão a longo prazo. Os cientistas apontam que as agressões podem realmente alterar a maneira como os corpos das crianças leem seu DNA, o que pode aumentar seu risco biológico para a condição de saúde mental.
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“A paternidade severa, com punição física e manipulação psicológica, pode introduzir um conjunto adicional de instruções sobre como um gene é lido para se tornar conectado ao DNA. Temos algumas indicações de que essas mudanças podem predispor a criança em crescimento à depressão. Isso não acontece na mesma medida se as crianças tiveram uma educação de apoio", revelam os autores.
O estudo não diz respeito a algum tipo de mutação no DNA que resulta das agressões. O DNA permanece o mesmo, mas grupos químicos adicionais afetam a forma como as instruções do DNA são lidas.
Para chegar a essa afirmação, os cientistas analisaram dois grupos de crianças, todas com idades entre 12 e 16 anos, que relataram ter crescido com pais carinhosos ou pais severos (categoria que engloba punição física, comportamento manipulador e rigor extremo).
Mesmo antes da análise de DNA ser realizada, a equipe notou que várias das crianças do segundo grupo já apresentavam sinais iniciais de depressão. Mas foi quando os pesquisadores analisaram o DNA dos participantes que os efeitos da paternidade rígida ficaram notáveis.
Na prática, a equipe encontrou maiores níveis de metilação, processo que ocorre quando um pequeno produto químico é adicionado ao DNA, bloqueando certas proteínas que permitem que o DNA “leia” os genes normalmente. A ideia é estudar essa relação cada vez mais a fundo para entender como a agressividade paterna pode levar a criança ou o adolescente à depressão no futuro.
Fonte: IFL Science