A meta dos 10 mil passos por dia é mesmo necessária? Segundo novo estudo, não
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Se você pertencer ao grupo de pessoas que possuem smartwatch e costumam fazer caminhada, possivelmente já ouviu falar da importância de dar 10 mil passos por dia. Trata-se de uma meta muito comum nesses relógios, tal como aplicativos de saúde e bem estar. No entanto, I-Min Lee, epidemiologista da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, fez uma pesquisa para entender se essa meta é realmente necessária.
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O epidemiologista conta que essa meta ficou popular em 1965, quando uma empresa japonesa chamada Yamasa Clock criou um pedômetro (medidor de passos por sistema pendular) fitness chamado Manpo-kei, que significa “medidor de 10 mil passos”. Segundo o médico, também é um objetivo fácil de lembrar, o que acabou ajudando a popularizar essa ideia.
Em contrapartida, o médico conta que o pedômetro não foi baseado em nenhuma evidência científica. Mesmo hoje, poucos estudos examinaram a conexão entre esses 10 mil passos e a saúde geral. Com isso em mente, ele decidiu fazer sua própria pesquisa, que o levou a descobrir que, em mulheres mais velhas, metade desse número de passos — 4.400 — ainda reduzia o risco de morte, e que cerca de 7.500 já traziam benefícios. "Ainda há mais trabalho a fazer com diferentes faixas etárias, mas é seguro dizer que 10 mil não é um número mágico", escreve o epidemiologista.
O estudo envolveu os dados de 17.466 mulheres que concordaram em participar usando um pedômetro por sete dias. "As tecnologias wearable que podem rastrear o comportamento da atividade física de uma pessoa são itens de consumo populares com mais de 125 milhões de unidades vendidas em todo o mundo, medindo o número de passos. Em todo o mundo, o número médio de passos acumulados diariamente (medido por smartphones) é de aproximadamente 5 mil. Uma meta comum de 10 mil passos foi perpetuada pela imprensa leiga e é frequentemente usada como padrão por programas de software em wearables e smartphones", afirma o estudo.
"As informações sobre quantos passos diários são necessários para a saúde são limitadas, principalmente no que se refere aos desfechos clínicos e mortalidade. Além disso, os passos dados podem ser lentos ou rápidos, e não se sabe como a intensidade do passo está associada à saúde", a pesquisa ainda aponta. "Essas descobertas podem servir de incentivo para os muitos indivíduos sedentários para os quais 10 mil passos por dia representam uma meta inatingível", conclui.
Fonte: JAMA via Popular Science