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6 mitos sobre o cérebro humano

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Agosto de 2021 às 17h00

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Raman Oza/Pixabay
Raman Oza/Pixabay

O cérebro humano ainda reserva alguns mistérios para a ciência e é objeto de milhares de estudos científicos. Isso pode ser observado, principalmente, na área das doenças neurológicas, como os motivos — ainda desconhecidos — que levam alguém a desenvolver a doença de Alzheimer. Por outro lado, existem várias questões que já foram, há muitos anos, desmistificadas. 

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Por exemplo, sabe-se que o cérebro não armazena memórias igual a um computador. Na verdade, o seu processo é bastante diferente daquele feito por uma máquina. Além disso, a serotonina não é exatamente o hormônio da felicidade, por exemplo. A seguir, confira uma lista de mitos sobre o cérebro humano, baseada nos estudos de Lisa Feldman-Barrett, professora de psicologia da Northeastern University, nos Estados Unidos.

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1. O lado esquerdo é o lógico, enquanto o direito é criativo?

Por mais popular que a ideia de que cada hemisfério (lado) do cérebro seja responsável por uma habilidade em um campo de conhecimento específico, isso não é necessariamente verdade. Para funcionar, o cérebro trabalha com neurônios distribuídos por todo o seu espaço e os dois hemisférios estão, necessariamente, conectados.

O que acontece é que algumas funções parecem ocorrer mais em um hemisfério do que em outro, como a habilidade de linguagem ou de raciocínio. No entanto, essa característica se desenvolve de forma gradual, durante a vida, e pode não afetar todos os indivíduos da mesma maneira.

2. Cortisol é um hormônio do estresse e serotonina é um hormônio da felicidade?

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De forma equivocada, as pessoas entendem que o cortisol é a causa do estresse, enquanto a serotonina a causa da felicidade. No entanto, nenhum hormônio conhecido funciona apenas para propósito psicológico. Isso quer dizer que todas as substâncias químicas ajudam coletivamente no funcionamento da mente.

Quando liberado no organismo, o cortisol aumenta a concentração de glicose no sangue e, dessa forma, fornece uma rápida "explosão" de energia — é quando o cérebro prevê essa necessidade, independente do seu nível de estresse. Esse hormônio também pode ser liberado antes de uma pessoa se exercitar ou acordar. E também pode ser liberado, sim, durante uma situação estressante, mas não como causa.

Por sua vez, a serotonina tem inúmeras funções. Por exemplo, é ela quem regula a quantidade de gordura produzida pelo organismo. No cérebro, ela ajuda no controle da energia que se gasta e ganha. Inclusive, permite o gasto de energia mesmo que não haja nenhuma recompensa imediata.

3. Terminais nervosos: nossa pele pode sentir o mundo?

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Na verdade, a pele não é capaz de sentir nem se água está fria ou quente por si só. É o cérebro que "secretamente" combina várias fontes de informação, como o toque, a temperatura e o conhecimento cultivado em experiências anteriores. A partir dessa coletânea, ele é capaz de construir uma sensação, como a de que a água está congelante. Isso vale para todas as outras sensações, como as que advém do que se observa através dos olhos. Os olhos ou a pele funcionam mais como sensores daquilo que será interpretado pelo cérebro. 

4. O cérebro apenas reage?

O cérebro está constantemente planejando o que pode acontecer no momento seguinte e comparando essas previsões com os dados dos sentidos que recebe do mundo externo e de dentro do próprio corpo. Às vezes, ele pode somente reagir a uma situação inesperada, como um atropelamento, mas, na maioria das vezes, as decisões foram planejadas anteriormente. Só que as pessoas não podem sentir todo esse movimento preditivo e, por ser tão rápido e fácil, a impressão que se tem é que o cérebro apenas reage ao ambiente.

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5. O cérebro armazena memórias como um HD?

É importante entender que o cérebro não armazena memórias como um computador. Em uma máquina, é possível armazenar arquivos e estes podem ser recuperados inteiros — e exatamente iguais —, quando necessário. Quando uma pessoa quer lembrar de um acontecimento, como o dia de uma viagem para a praia, o cérebro precisa reconstruir as memórias daquele indivíduo, a partir de impulsos elétricos e inúmeras substâncias químicas.

Este processo é conhecido pelo verbo "lembrar", mas deveria ser chamado de algo como "montar lembranças". Isso porque uma memória precisa ser, literalmente, montada, com ajuda de alguns neurônios, para então ser reconstruída e lembrada. Nesse processo, inúmeras interferências podem ocorrer, inclusive do seu estado de espírito naquele momento. Por isso, nossas memórias são tão vulneráveis e podem não ser um elemento confiável.

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6. Não se pode cultivar novas células cerebrais

Para a maioria das regiões do cérebro humano, não é possível desenvolver novas células cerebrais, como neurônios, mas algumas partes podem, sim, fazer isso. É o caso do hipocampo, que exerce papel fundamental nos processos de aprender, lembrar e regular a quantidade de alimentos que uma pessoa ingere, por exemplo.

Diferente dos humanos, outros animais podem regenerar neurônios em grande parte de seus cérebros. Uma explicação para isso é que para a vida longa dos humanos, o processo de memória é fundamental e, caso os neurônios pudessem ser renovados, essas lembranças se perderiam. Os novos neurônios que surgem no hipocampo permitem que uma pessoa aprenda a fazer coisas novas e ter novas memórias, mas não relembrar (remontar) o passado. 

Fonte: Science Focus