5 fatores que podem elevar ou reduzir o risco de demência
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Casos de demência devem quase triplicar até 2050, segundo estimativa apresentada na Alzheimer's Association International Conference. De acordo com estudo da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, fatores genéticos, renda, vida social ativa, escolaridade e histórico de saúde podem elevar ou reduzir o risco de uma pessoa desenvolver diferentes graus de comprometimento cognitivo e, consequentemente, a demência.
- O que fazer com diagnóstico precoce de demência ainda é um desafio para ciência
- Sinais de demência estão no sangue e podem ser encontrados, aponta estudo
Publicado na revista científica Neurology, o estudo norte-americano avaliou fatores que determinam se uma pessoa tem chance maior ou menor de desenvolver um comprometimento cognitivo leve (CCL). Vale explicar que de 5% a 10% das pessoas com este tipo de comprometimento desenvolverão demência.
Para entender: o comprometimento cognitivo leve é marcado por uma série de alterações negativas e perceptíveis na capacidade de memória, habilidades de resolução de problemas e/ou atenção. Essas alterações cerebrais também ocorrem em pacientes com demência.
A condição de comprometimento cognitivo leve pode ser considerada uma fase de transição entre cognição normal e a demência — incluindo possíveis casos de Alzheimer. No entanto, alguns fatores que impulsionam a conclusão desse "processo" ainda são investigados e, aparentemente, pode ser desacelerado.
Estudo sobre os riscos
No total, os pesquisadores acompanharam 2,9 mil voluntários com mais de 65 anos. Este grupo envolvia uma população etnicamente diversa, como pessoas brancas não-hispânicas, negras não-hispânicas e hispânicas. No entanto, não foram considerados indivíduos de origem asiática.
Na fase de triagem, todos os participantes tinham função cerebral normal. Passados seis anos do início do estudo, 752 apresentavam comprometimento cognitivo leve e 301 tinham demência. Em outra etapa da pesquisa, o grupo com comprometimento cognitivo foi acompanhado por mais três anos.
Após as análises, a equipe da Universidade de Columbia descobriu que o comprometimento cognitivo leve nem sempre leva à demência, mas pode ser indicativo de risco — e o comprometimento não é necessariamente permanente. Além disso, foi possível identificar pelo menos cinco fatores que impactam na saúde no cérebro, como mostraremos a seguir:
1. Nível de educação
Durante o estudo norte-americano, os pesquisadores observaram que o tempo que um indivíduo passa estudando foi um fator que diminuiu o risco de uma pessoa ter comprometimento cognitivo leve. Por exemplo, os voluntários com escolaridade média de 11,5 anos tiveram 5% menos probabilidade de desenvolver a condição do que aqueles com 10 anos.
Para explicar a questão, uma das hipóteses é de que a educação estimula o cérebro e ajuda a construir mais neurônios e conexões. Em tese, isso pode preservar o melhor funcionamento por um tempo maior e impedir, por exemplo, a perda de memória.
2. Fatores genéticos
Nos voluntários, a presença do alelo APOE e4 (Apolipoproteína E) era responsável por aumentar o risco de desenvolver comprometimento cognitivo leve em 18%. Outras pesquisas apontam para o fato de que o alelo pode aumentar o risco de demência. Por exemplo, essas pessoas têm cerca de três vezes mais chances de desenvolver Alzheimer.
3. Condições de saúde
Segundo o estudo, indivíduos que vivem com uma ou mais condições crônicas de saúde — como doenças cardíacas, diabetes e depressão — têm um risco 9% maior de desenvolver comprometimento cognitivo leve. Mesmo que de forma indireta, esses quadros podem acelerar o declínio da saúde do cérebro.
4. Esportes e vida social ativa
Através do levantamento, a equipe de pesquisadores concluiu que os participantes que eram mais ativos tanto física quanto socialmente também tinham um risco menor de desenvolver comprometimento cognitivo leve.
Outros estudos também encontraram evidências de que levar uma vida mais sociável e integrada pode ajudar a manter a saúde do cérebro e reduzir o risco de morte prematura.
5. Renda familiar
Após análise dos dados, a equipe observou que os participantes com uma renda familiar anual superior a US$ 36 mil (cerca de 198 mil reais) tinham uma chance 20% menor de desenvolver comprometimento cognitivo do que os que ganhavam menos de US$ 9 mil (cerca de 49,6 mil reais) por ano.
A explicação para essa relação é o fato de que pessoas com maior renda, muito provavelmente, têm acesso a dieta e estilo de vida melhores. Além disso, doenças costumam ser melhores controladas ao longo da vida, já que quem tem mais renda possuem melhor acesso a cuidados de saúde.
Fonte: The Conversation e Neurology