Exoesqueleto inusitado permite que cobras "andem"

O engenheiro e youtuber Allen Pan criou um robô que dá às cobras a capacidade de “andar” sob quatro patas. O exoesqueleto impresso em 3D permite que o animal se movimente de um jeito estranho, como se fosse um lagarto ou uma iguana vestindo um traje robótico.

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Recentemente, Allen postou um vídeo no YouTube — que já tem mais de dois milhões de visualizações — mostrando como sua invenção foi desenvolvida até chegar ao resultado desejado, com uma cobra píton dentro de um tubo transparente, caminhando pelo chão do laboratório.

“Acontece que as cobras têm duas pernas quando são embriões. Cerca de 150 milhões de anos atrás, esse animais tinham membros visíveis e utilizáveis, mas evoluíram para perdê-los, provavelmente devido a uma mutação genética de seus ancestrais”, explica Pan.

Cobra que anda

Para fazer uma cobra andar, o engenheiro construiu um tubo longo com quatro pernas de plástico conectadas a uma placa controladora. O dispositivo foi inspirado no lagarto ocidental de três dedos (Chalcides striatus), uma espécie com quatro pernas minúsculas, semelhante a uma cobra.

Segundo o inventor, as pernas mecânicas podem ser ativadas sem fio por meio de uma pequena etiqueta inteligente presa em um chaveiro. Para programar a maneira de andar do robô, Pan visitou uma loja de animais onde conseguiu observar como o réptil se locomovia e interagia com o ambiente.

“Com esses dados visuais, eu consegui reconstruir como uma cobra poderia andar se ainda tivesse pernas. O resultado foi incrível e hoje temos um exoesqueleto funcional para mostrar que o processo evolutivo foi injusto com as cobras, tirando seu principal meio de locomoção”, brinca Pan.

Livre arbítrio

O youtuber conta que queria construir um dispositivo no qual a cobra pudesse entrar e sair quando quisesse. Por isso, o animal fica livre dentro do tudo de plástico. No vídeo, a píton aparece com a língua de fora, um sinal de que está tentando “sentir” o ambiente ao seu redor.

Nas primeiras tentativas, a cobra avançou apenas alguns centímetros antes de desistir. Depois de uma certa persistência, o réptil finalmente deslizou para dentro do tudo e o robô começou a andar, como se o animal tivesse mesmo quatro patas de verdade.

“Não consigo superar a imagem da cobra rastejando em seu exoesqueleto robótico como se fosse um lagarto. Estamos presenciando aqui a reversão de 150 milhões de anos de erros evolutivos em um único dia. Uma cobra irritada contrai seu corpo em forma de S, enquanto uma cobra feliz fica toda esticada. Dá pra ver que essa píton está contente em ter suas pernas de volta”, comemora Pan.