Sony tem aumento de 17% nos lucros e volta a citar sucesso de games e sensores
Por Felipe Demartini | 30 de Outubro de 2018 às 10h10
Os segmentos de jogos e semicondutores foram, mais uma vez, os grandes motores do resultado positivo apresentado pela Sony na noite desta segunda-feira (29). A empresa obteve um crescimento de 17% nos ganhos durante o segundo trimestre do atual ano fiscal, finalizado em setembro. O total obtido foi de aproximadamente US$ 2,12 bilhões, marcando mais um momento positivo e que pintou uma perspectiva ainda mais animadora para o futuro.
Tanto que, para o encerramento do atual ano fiscal, em março do ano que vem, a expectativa é de um aumento de 30% nos ganhos, um total bem acima do esperado pelo mercado. A perspectiva é de ganhos na casa dos US$ 7,7 bilhões, sendo que quase metade disso será movido somente pelo setor de games, atualmente o maior alavancador de resultados para a companhia japonesa, que colhe, agora, os frutos de um longo e tortuoso processo de reestruturação. O faturamento total deve ser de US$ 77,04 bilhões.
Com o sucesso de jogos como Marvel’s Spider-Mane a demanda por serviços online ligados ao PlayStation 4, a Sony mais uma vez comprovou que a mudança para sua estratégia baseada nos games foi um sucesso. Ao lado de sua oferta de sensores para câmeras digitais, que estão entre os mais usados do mercado mobile, a companhia alavancou seus números e mostrou cada vez mais independência de seus segmentos de eletrônicos, sempre sujeitos às dinâmicas sazonais do mercado e incapazes de entregarem números sólidos e consistentes dessa categoria, na visão da companhia.
O sucesso do game do Cabeça de Teia foi tanto que surpreendeu até mesmo a própria fabricante, que afirmou que o título foi capaz de compensar as vendas já em baixa do PS4, que se aproxima do fim de seu ciclo de vida. Spider-Man também se tornou o jogo vendido mais rapidamente da história da plataforma, superando God of War, de abril, com 3,3 milhões de cópias comercializadas nos primeiros três dias.
Enquanto isso, houve aumento no total de assinantes da PlayStation Plus, serviço que permite jogar online e dá regalias aos donos de consoles da Sony, enquanto games publicados para smartphones e exclusivamente no Japão continuaram a dar bons frutos. A empresa citou, ainda, Fortnite, cuja receita de microtransações é dividida com a fabricante como um bom contribuinte para os números.
A queda de 3% nos lucros do segmento de chips para câmeras não assustou os analistas e acionistas da Sony, pois já era esperada. Segundo a empresa, a expectativa era de que a Apple lançasse uma linha de iPhones com três sensores desse tipo, o que não aconteceu e acabou levando à pequena queda. Por outro lado, os negócios com grandes marcas chinesas em ascensão sustentaram o desempenho do setor e devem continuar fazendo isso, com uma expectativa de aumento anual de 17% ao fim do período atual.
Tranquilidade na mídia, cuidado no hardware
Houve nota positiva, também, para a divisão de cinema, que voltou a ter lucro após uma queda no trimestre anterior. O licenciamento de seus filmes para a TV seria o responsável pelos números positivos em um momento fraco de lançamentos, cujos números soam piores quando se compara com o ano passado, período de lançamento do blockbuster Homem-Aranha: De Volta ao Lar.
O segmento musical também foi citado como uma fonte de positividade, por mais que seus ganhos tenham recuado ligeiramente no terceiro trimestre do atual ano fiscal. O total de US$ 279,5 milhões em ganhos entre julho e setembro foi atribuído à queda nas vendas de discos e downloads, mas bons lançamentos nos serviços de streaming e a continuidade de parcerias e contratos com eles levaram grandes artistas ao topo das paradas das plataformas.
Por outro lado, e mais uma vez, o segmento de smartphones, em si, foi citado como o primo pobre do relatório fiscal, gerando perdas de US$ 840 milhões. Não é motivo para desespero, afirma o relatório, uma vez que um processo de reorganização e alinhamento também está acontecendo aqui, mas o retorno ao azul deve acontecer somente a partir de abril de 2020, quando as estratégias atuais devem começar a mostrar seus resultados. Até lá, o negócio terá escala menor e mais cuidado na tomada de riscos.
Com tudo isso, a expectativa é de ganhos de US$ 1,20 por ação, ao contrário dos US$ 0,91 esperados pelo mercado e US$ 0,93 antecipados pela empresa em relatório fiscal publicado no ano passado. Os totais agradaram ao mercado e levaram a um aumento nos papéis da Sony, que finalizaram esta terça-feira (30) com alta de 1,03% na Bolsa de Valores do Japão.