Prestes a ser bloqueado nos EUA, TikTok pede ajuda a Facebook e Instagram
Por Rui Maciel |
As negociações estão andando e, em breve, as operações globais do TikTok (com exceção da China) devem ser vendidas para Oracle e investidores americanos, incluindo o Walmart. Com isso, esse grupo deve assumir até 70% da participação societária da plataforma, com a ByteDance, sua atual controladora, ficando com o restante. Mas, enquanto isso não acontece, Donald Trump vai cumprir a ordem executiva que assinou em agosto e deve bloquear o uso do TikTok - e o WeChat - a partir do próximo domingo, 20 de setembro.
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De olho nesse prazo, Vanessa Pappas, CEO interina da TikTok está pedindo ao Facebook e Instagram para “aderir publicamente ao nosso desafio e apoiar o nosso litígio". Ou seja, ela está pedindo a união das redes sociais contra a proibição da plataforma chinesa a partir do próximo domingo.
Na manhã desta sexta-feira (18), o Departamento de Comércio dos EUA emitiu um comunicado onde, basicamente, afirma que as pessoas não poderão baixar o TikTok ou o WeChat a partir do dia 20 de setembro. O TikTok continuará a funcionar nos Estados Unidos para pessoas que já têm o aplicativo instalado, mas downloads futuros são proibidos, bem como atualizações.
O apelo de Pappas veio na forma de uma resposta a um tweet de Adam Mosseri, chefe do Instagram, que disse que “a proibição do TikTok nos Estados Unidos seria muito ruim para o Instagram, Facebook e a internet de forma mais ampla”. A executiva acrescentou que é o momento de “colocar de lado nossa competição e focar em princípios fundamentais como liberdade de expressão e o devido processo legal”.
A mensagem de Pappas chega em um momento em que existem rumores de que o cofundador do Instagram, Kevin Systrom, está em negociações para assumir como CEO da TikTok, no lugar de Kevin Mayer, que ficou pouco mais de três meses no cargo.
Ameaça à segurança nacional
No início do ano, Donald Trump pediu a proibição do TikTok alegando questões de segurança de dados. Ele acusa a ByteDance de usar a plataforma para enviar dados de cidadãos americanos para o governo chinês. O governo dos EUA exigiu que a ByteDance vendesse suas operações nos Estados Unidos para uma empresa americana até 15 de setembro ou o TikTok seria totalmente banido.
A TikTok também abriu um processo contra o presidente Trump em agosto, argumentando que a sua ordem executiva original não oferece nenhuma evidência de que a rede social de vídeos curtos seja, de fato, uma ameaça à segurança nacional para os Estados Unidos.
Além disso, a TikTok emitiu uma declaração, seguindo a ordem do Departamento de Comércio americano, observando que a empresa já “se comprometeu com níveis sem precedentes de transparência adicional e responsabilidade, muito além do que outros aplicativos estão dispostos a fazer”. O comunicado acrescenta que a TikTok já está planejando trabalhar com um provedor de tecnologia americano, que seria “responsável por manter e operar a rede social TikTok nos EUA, o que incluiria todos os serviços e dados que atendem aos consumidores dos Estados Unidos”.
Negociação em curso
A Oracle e uma série de investidores americanos, incluindo o Walmart, devem assumir a participação majoritária das operações do TikTok nos EUA. Agora, o negócio aguarda aprovação do presidente Donald Trump - e os envolvidos ainda precisam torcer para que o governo chinês não intervenha.
ByteDance, Oracle e o Departamento do Tesouro dos EUA "concordaram provisoriamente" com os termos da oferta da Oracle pela rede social. O acordo dará aos investidores americanos uma participação majoritária no app. No entanto, até o momento, não está claro quanto a empresa de Larry Ellison ou o Walmart vão pagar por suas respectivas partes.
Analistas apontam que esta é a primeira vez que a ByteDance concorda em abrir mão de sua participação majoritária no TikTok, transferindo-a para investidores americanos. A notícia desses termos revisados chega um dia depois que as autoridades americanas levantaram preocupações sobre a proposta da Oracle e pressionaram os investidores americanos para obter a participação majoritária da TikTok.
Embora os termos do acordo não tenham sido revelados publicamente, o Departamento do Tesouro teria enviado uma série de termos revisados para a Oracle na última quarta-feira (16). Fontes envolvidas nas negociações indicam que o TikTok será dividido em uma nova entidade com sede nos EUA, enquanto representa o negócio global do aplicativo, que hoje conta com mais de 800 milhões de usuários ao redor do mundo.
Ainda nesta quinta-feira (17), pelos novos termos do acordo, os investidores americanos teriam, pelo menos, 60% das ações da TikTok. A Oracle deve ficar com 20% de participação e os investidores americanos do Walmart e da ByteDance, como os fundos Sequoia Capital e General Atlantic, formarão a maioria societária, que deve ficar com outros 40% a 50%. A ByteDance ficaria com 30% ou 40% restantes. O Walmart, que há algum tempo busca uma forma de ser proprietário da TikTok , também terá um assento no conselho global da TikTok, bem como um especialista em segurança. Este último presidirá um comitê de segurança que supervisionará a proteção dos dados do usuário.
Entre os termos do acordo que vem sendo costurado, está o direito da Oracle em inspecionar o código-fonte do TikTok e incluir várias disposições para garantir a segurança dos dados. Há ainda a exigência de que todos os dados dos usuários dos Estados Unidos permaneçam nos Estados Unidos, hospedados pela Oracle.
Caso os termos da negociação sejam aceitos por Donald Trump, a ByteDance planeja fazer uma oferta pública inicial da TikTok global. No entanto, ainda não ficou claro quais ativos ela possuiria, além daqueles nos Estados Unidos.
Um IPO da TikTok seria uma das maiores estreias no mercado de ações do setor de tecnologia, visto que o aplicativo foi avaliado recentemente pelos investidores da ByteDance em mais de US$ 50 bilhões. Isso reduziria ainda mais a participação da própria ByteDance na empresa. O pedido de IPO seria na bolsa de valores dos Estados Unidos e poderia acontecer em cerca de um ano.
Fonte: The Verge